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terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Discipulado Cristão

Discipulado Cristão

por Pedro Henrique Vilela Medeiros

1 A igreja do Senhor vive momentos difíceis quanto a firmeza doutrinária. Desta forma, quanto ao discipulado cristão há muitas controvérsias. A primeira das controvérsias é quanto a sua importância na Igreja; a segunda delas é sobre a forma como deve acontecer; a terceira delas é quanto a base para que aconteça. Vou tentar discorrer sobre estes três aspectos.

Importância

Atualmente existem pessoas que supervalorizam o discipulado, tanto quanto os que desprezam. Ambos extremos estão errados.
A supervalorização do discipulado se deve ao fato da convicção de que as Igrejas e os cristãos em sua maioria se apresentam enfermos pela ausência do discipulado. Ou seja, trazer a prática do discipulado de volta, para estes, é a solução dos problemas. Mas, se o discipulado for resgatado, mas o que se “passa” no discipulado for permeado de ensinos que não correspondem com Cristo e Sua Palavra, não estaríamos caindo no mesmo erro dos fariseus? Que percorriam as cidades fazendo prosélitos duas vezes mais dignos do inferno do que eles (Mt 23:15). Interessante que neste verso, Jesus adverte os fariseus e “exalta” os esforços dele no discipulado. Se esforçar no discipulado não é a solução dos problemas da Igreja.
Se o discipulado não é a primeira coisa com que a Igreja precisa se preocupar, o que é então? A Igreja precisa trazer de volta o ensino da sã doutrina. Somente estabelecendo uma base doutrinária bíblica e cristocentrica, é que poderemos ter um discipulado correto.
De outro lado, tem os que desprezam este exercício espiritual, alegando que somente a exposição de Cristo e Sua Palavra nos cultos regulares da Igreja Local são suficientes para que a pessoa se firme. Pode acontecer que alguns cristaos sejam firmes e maduros sem qualquer discipulado, Deus o alimenta soberanamente pela Palavra. Porém, negligenciar esta prática é incorrer em desobediência quanto a Grande Comissão (Mt 28:18-20). Alguns podem alegar que Discipulado só tem a ver com “aprendizagem nos cultos”, o que não tem nenhum respaldo das Escrituras. Podem ser argumentadas ainda outras coisas para negligenciar esta prática, visto que ela exige dedicação, amor e humilde servidão por parte do discipulador.
Assim, podemos concluir que o discipulado é importante para o desenvolvimento de uma Igreja Saudável, mas ele não é a “salvação” para as Igrejas Locais. O discipulado não terá qualquer proveito em uma Igreja Local não fundamentada na Palavra. Porém, em uma Igreja que está fundamentada nas Escrituras e que prática os meios da graça publicamente e particularmente (exposição da Palavra, oração em publico, oração particular, devocional particular) o discipulado é muito valioso para que os irmãos cresçam cada vez mais na graça e no conhecimento do Senhor Jesus Cristo.
Para endossar o que foi dito, visto que muitas Igrejas tem fundamentado sua “saúde espiritual” na prática do discipulado, nós vemos nas Escrituras que Cristo é o Cabeça da Igreja (Cl 1:18), que Ele e a a Sua Palavra é o fundamento da Igreja (Ef 2:20). Também vemos que o ensino de Cristo é chamado de “sã doutrina”, ou seja, é um ensino saudável que gera saúde (1Tm 6:3;2Tm 4:3); além do que a Palavra de Deus é agua purificadora em vários textos das Escrituras: (Jo 15:3, 17:17; Ef 5:26). Portanto, a Palavra que revela Cristo Jesus é o fundamento e a solução para a Igreja e não o discipulado; sem, como já dissemos, desprezar a utilidade deste exercício na Igreja.



A Forma

Quanto ao alvo do discipulado, não tenho visto controvérsias. Mesmo os que se utilizam de termos psicológicos e dos que apenas se utilizam da Palavra, ou dos que supervalorização, ou dos que conceitua o discipulado como apenas mais um exercício prático concernente a Igreja, todos estes são um quanto ao alvo desta prática: conduzir a pessoa ao conhecimento de Cristo e a semelhança com Cristo, ou seja, maturidade crista. Prosseguiremos mais afundo neste tema dos “alvos” no futuro.
Apesar dos alvos serem o mesmo, muito tem se falado sobre a forma como deve acontecer o discipulado. Existem os que creem naquilo que vou chamar de discipulado informal e aqueles que praticam o que vou chamar de discipulado formal. Após resumi-los pretendo apresentar os pontos fortes e fracos de ambos.

1) Informal. O discipulado deve acontecer informalmente pela amizade de dois irmãos, um mais maduro que o outro, portanto o mais maduro, naturalmente transmite o conhecimento que tem para o seu amigo. Nesta visão, o relacionamento entre ambos é muito importante, na verdade o discipulado se resume a relacionamento entre o discipulador e o discípulo. Muitas vezes não há cronograma de encontros, nem mesmo interesse em reuniões formais e estudos sistemáticos.
2) Formal. O discipulado acontece formalmente, com reuniões semanais, onde o discípulo senta para ouvir os ensinos de seu discipulador, que muitas vezes prepara porções bíblicas e as ensina sistematicamente, abrangendo ou não um tema especifico. Neste o relacionamento não é tão importante, mas sim a transmissão da Palavra de Deus.

O (1) tem como ponto forte a confiabilidade e proximidade que o relacionamento entre o discipulador e discípulo cria, assim o discípulo sente-se bem em abrir-se e confessar fraquezas, pecados, feridas e etc. Porém, creio que este discipulado vai ser carregado de aconselhamentos prático, porém, pouco se aproveita quanto ao crescimento no conhecimento de Cristo e da Sua Palavra. O discípulo tem instruções quanto a problemas presentes, porém não é alicerçado firmemente na Palavra, a ponto de um dia poder lidar com certos problemas “sozinhos”, ou seja, sem o seu conselheiro, somente com a iluminação da Palavra.
O (2) tem como ponto forte a aprendizagem mais firme da Palavra e do Caráter de Cristo, então o discípulo se torna mais rapidamente apto a discernir o certo do errado, a forma correta de agir em especificas situações; porém, dependendo do grau de formalidade, o discípulo sente-se inibido a aconselhamentos em aspectos mais profundos da vida pessoal.
Concluímos que encontrar um “equilíbrio” nestas duas formas seria alcançar um discipulado saudável. Encontros formais para estudo da Palavra é muito importante para consolidar e confirmar a sã doutrina no interior do discípulo. Isto munirá o discípulo de discernimento bíblico e espiritual para lidar com as situações, alcançando a maturidade. Porém, o discipulador deve tentar ser o mais informal possível em seu relacionamento com seu discípulo, alcançando sua confiança e visando com que seu discípulo não o tema. Além disto, é muito saudável que o discipulador tenha momentos informais de relacionamento com seu discípulo, apenas para “colocar o papo em dia”.

A Base

Isto é o que vai determinar se o discipulado vai ser saudável ou não. Aqui também há muitas controvérsias. Vou explanar duas bases que são totalmente nocivas ao discipulado, assim como apresentar a base correta.

Psicologia. Muitos discipuladores estão carregados de termos e conhecimentos psicológicos e permeiam todo seu aconselhamento nisto. Os termos pecados são tidos como feridas. O arrependimento é chamado na verdade por tratamento e cura. Este método é uma mistura do espiritual que visa suficiência em Cristo, com o conhecimento humano, que busca apoio na própria humanidade. Os frutos desta mistura são extremamente superficiais. O examinar-se a si mesmo visa procurar a “solução do problema” em si mesmo e não em Cristo. Este tipo de aconselhamento tem crescido muito no cristianismo e não tem qualquer respaldo nas Escrituras. Pode oferecer algumas mudanças comportamentais e pessoais, mas nunca oferecer comunhão intima com Cristo e vida eterna.

Libertação Espiritual. Os problemas que antes eram visto como psicológicos e que precisavam de tratamento do conselheiro, agora são tidos como problemas espirituais de cargas diferentes. Então o conselheiro conduz seu discípulo a uma libertação de diferentes demônios que, segundo a cartilha, foram adquiridos por herança ou por experiência pessoal. Chega ao extremo de ter que pedir perdão por muitas gerações passadas, assim como acreditar que alguém precisa ser liberto de demônios do Pokemon, entre outros desenhos infantis. Este discipulado forma um guerreiro que luta constantemente contra as hostes celestiais do mal, sempre os expulsando e os afrontando. Tem se visto que os frutos destes discipulados são cristãos cada vez mais atormentados em suas almas pelo Diabo. Em vez de liberta-los, aprisiona-os ainda mais. Além de ser uma evidente descrença da verdade de que se Cristo nos libertar, seremos verdadeiramente livres.

A Palavra de Deus. Vimos que o fundamento da Igreja é o Senhor Jesus Cristo que é revelado por Sua Palavra. De tal modo que todos os exercícios espirituais são regimentados pelas Escrituras. Assim, não é diferente que a base do discipulado cristão é a Palavra de Deus. Isto fica evidente quando vemos que a Grande Comissão é uma ordem para que ensinemos nossos discípulos a guardar tudo quanto o Senhor Jesus nos ordenou. Além do que, se o alvo do discipulado é a semelhança com Cristo, não há nada além da Palavra de Deus, que revela Cristo. Podemos ver também, que o cristão se alimenta de leite quando criança e depois de carne para atingir a maturidade (1Co 3:1-2). Em Hebreus 5:13-14, diz que o que se alimenta de leite é “inexperiente” na Palavra da Justiça, assim podemos concluir que experimentar a Palavra da Justiça é o que nos conduz a maturidade crista. É exatamente isto que o verso 14 diz, que os alimentos sólidos são para os adultos e assim somos munidos com uma mente que discerne o bem e o mal.
Portanto, o discipulador deve almejar crescimento do seu discípulo e todos os meios utilizados deve ser fundamentado na Palavra de Deus.



2 Neste capítulo pretendo encerrar o assunto descrevendo alguns métodos e um diagnóstico sobre o sucesso de um discipulado.

Oração.
Paulo diz que novamente sentia dores de partos pelos galacianos (Gl 4:19). Assim como em todas suas cartas diz que se lembra deles em oração. Assim um discipulado bíblico e cristão é regado por orações. O discipulador, assim como Jesus orou pelos seus, ora sempre pelo seu discípulo. Não somente isto, mas também se reúne para orar junto com ele, além de ensiná-lo a orar, mediante a Palavra de Deus.

Aconselhamento.
Neste relacionamento de discípulo e discipulador, o discipulador deve estar sempre aconselhando a medida que é recorrido por seu discípulo. O aconselhamento deve ser fundamento na Palavra de Deus. Veja que todos os exercícios presentes no discipulado são regados pela Palavra de Deus. (Hb 3:13)

Alimentação.
O discipulador deve alimentar constantemente seu discípulo pela Palavra de Deus, apresentando-lhe a Palavra seja por devocionais, ensinos temáticos ou sistemáticos. Além de ensina-lo a buscar este alimento individualmente em sua casa, na comunhão intima com Deus em Seu quarto.

Proteção.
O discipulador deve muni-lo com um conhecimento bíblico que o capacita a discernir aspectos morais e intelectuais, visto que a Bíblia nos alerta dos ventos de doutrina e da operação do erro dos últimos dias.

Testemunho Pessoal.
Assim como Paulo disse “imitem-me, assim como imito a Cristo”, devemos ser imitadores de Cristo, para que eles nos imitem. Um discipulado onde o discipulador contradiz na prática o que está nas Escrituras é fadado ao insucesso. O discípulo deve olhar para nossas vidas e ver escritos em nós a Palavra de Deus e o Caráter de Cristo.

Por fim, para diagnosticar o sucesso é a maturidade do discípulo. Se ele já consegue discernir por si só se um ensino provem de Deus ou dos homens; se uma prática provém de Deus ou dos homens; se ele já consegue por si só se alimentar da Palavra de Deus e viver uma vida prática de oração; se ele já tem crescido e continua crescendo na semelhança com nosso Senhor.





Imagem extraida de(1)munil.org e (2)promessista.com.br

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