PALAVRA DO DIA

WORD DAILY
Habacuque 3:2 Ouvi, SENHOR, a tua palavra, e temi; aviva, ó SENHOR, a tua obra no meio dos anos, no meio dos anos faze-a conhecida; na tua ira lembra-te da misericórdia.

sábado, 24 de março de 2012

Os Nomes do Nosso Senhor


Os Nomes do Nosso Senhor

Rev. Ronald Hanko
Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto1

A Bíblia atribui grande importância aos nomes de Jesus. Em teologia,esses nomes são tão importantes que são geralmente tratados como uma seção separada.

O nome Jesus, por exemplo, é tão importante que foi dado a Josémediante um mensageiro do próprio Deus, antes de Cristo nascer. Osignificado desse nome, como revelado pelo anjo, é um evangelho emminiatura no qual cada parte do nome é um sermão (Mt. 1:21). É por esse nome que os homens são salvos (Atos 4:12).

O nome Cristo é tão pleno de significado que Jesus declarou que Pedro era “bem-aventurado” por confessá-lo, dizendo-lhe que ele só poderia ter conhecido esse nome mediante revelação de Deus (Mt. 16:17). Esse nome confessado é o fundamento inamovível da igreja (v. 18) e a prova da
regeneração (1 João 5:1). Todo aquele que não o confessa é declarado em 1 e 2 João como um anticristo e enganador (1 João 2:22; 1 João 4:3; 2 João 7).

Da mesma forma, com respeito ao nome Senhor, somos informados que ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor senão pelo Espírito Santo, tãogrande é esse nome (1Co. 12:3). E o que é verdadeiro do nome Senhor é verdadeiro de todos os nomes do nosso Salvador.

Os nomes de Jesus são importantes porque, diferente dos nossos nomes, eles nos dizem exatamente quem e o que ele é. Eles são parte da revelação de Deus a nós em Jesus Cristo e são, portanto, uma parte muito importante da mensagem do evangelho, as boas novas da salvação. Conhecer
e confessar esses nomes é ser salvo.

Esse é o porquê existem tantos nomes de Jesus, de Deus e do Espírito Santo dados na Escritura. Dependendo de como alguém contabiliza, existe mais de 150 nomes diferentes de Jesus na Escritura. Que bênção é conhecer todos eles e saber o que significam!

Contudo, não é a mera repetição ou cantarolar sem sentido dos nomes que é uma bem-aventurança ou que traga bênçãos. O conhecimento do que essesnomes significam, aprendidos a partir da Palavra de Deus, é o que importa.

Através desse conhecimento nossa fé se fortalece; conhecemos em quem cremos e somos persuadidos do poder salvífico de Jesus (2Tm. 1:12) Deve haver fé em seus nomes – a fé que ele é tudo o que seus nomes declaram ser.
Mas sem conhecimento, a fé é muito fraca.

É necessário enfatizar isso. Muitos pensam que a mera recitação desses nomes tenha algum tipo de poder. Não existe base na Escritura para tal crença. O poder salvífico dos nomes de Cristo é somente através da fé naquele que é conhecido e amado por esses nomes, e a fé deve conhecer a partir de seus nomes quem e o que ele é.

Você conhece os nomes de Jesus? Você conhece Jesus por seus nomes – conhece-o pessoal e salvificamente? Você ama seus nomes e os ama suficientemente para confessar tais nomes diante do mundo? Se sim, então você, também, como Pedro, é bem-aventurado.

Fonte (original): Doctrine according to Godliness, Ronald Hanko,
Reformed Free Publishing Association, p. 119-120.

Extraido de http://www.monergismo.com/textos/cristologia/nomes-nosso-senhor_hanko.pdf

sexta-feira, 23 de março de 2012

Como Passar o Dia com Deus por Rev. Richard Baxter


Como Passar o Dia com Deus
Rev. Richard Baxter

“Portanto, quer comais, quer bebais, ou façais outra cousa qualquer, fazei tudo para a glória de Deus”.

Sono

Controle o tempo do seu sono apropriadamente, de modo que você não desperdice as preciosas horas da manhã preguiçosamente em sua cama. O tempo do seu sono deve ser determinado pela sua saúde e labor, e não pelo prazer da preguiça.

Primeiros Pensamentos

Dirijam a Deus os seus primeiros pensamentos ao acordar, elevem a Ele o coração com reverência e gratidão pelo descanso desfrutado durante a noite e confiem-se a Ele no dia que inicia.

Familiarizem-se tão consistentemente com isto, até que a consciência de vocês venha a acusá-los quando pensamentos ordinários queiram insurgir em primeiro lugar. Pensem na misericórdia de uma noite de descanso, mal acomodados, padecendo dores e enfermidades, cansados do corpo e da vida.

Pensem em quantas almas foram separadas dos seus corpos nesta noite, aterrorizadas por terem que se apresentar diante de Deus, e em quão rapidamente os dias e noites estão passando! Quão rapidamente a última noite e dia de vocês virão! Considerem no que está faltando no preparo da alma de vocês para tal momento e busquem isso sem demora.

Oração

Acostumem-se a orar sozinhos (ou com o cônjuge) antes da oração coletiva em família. Se possível, que isto seja feito antes de qualquer outra ocupação.

Culto Familiar

Realizem o culto familiar consistentemente e em uma hora em que é mais provável que a família não sofra interrupções.

Propósito Básico

Lembrem-se do propósito básico da vida de vocês, e quando estiverem se preparando para trabalhar ou realizar atividade neste mundo, que a inscrição santos para o Senhor esteja gravada no coração de vocês em tudo o que fizerem.

Não realizem nenhuma atividade que não possam considerar agradável a Deus, e que não possam verdadeiramente afirmar que Deus a aprova. Não façam nada neste mundo com nenhum outro propósito que não agradar a Deus, glorificá-lO e gozá-lO. O que quer que fizerdes, fazei tudo para a glória de Deus (1 Co.10:31).

Diligência na Vocação

Realizem as tarefas concernentes à ocupação de vocês cuidadosa e diligentemente. Assim fazendo:

1. Vocês demonstrarão que não são preguiçosos e escravos da carne (como aqueles que não podem negar-lhe o comodismo); e estarão mortificando todas as paixões e desejos que são alimentados pelo comodismo e preguiça.

2. Vocês estarão mantendo fora da mente os pensamentos indignos que fervilham nas mentes de pessoas desocupadas.

3. Vocês não estarão desperdiçando tempo precioso, algo do que pessoas desocupadas se tornam diariamente culpadas.

4. Vocês estarão num caminho de obediência a Deus, enquanto que os preguiçosos estão em constante pecado de omissão.

5. Vocês poderão dispor de mais tempo para empregar em deveres santos se realizarem suas tarefas com diligência. Pessoas desocupadas não têm tempo para os deveres espirituais, porque desperdiçam tempo demorando-se em seus trabalhos.

6. Vocês poderão esperar bênçãos da parte de Deus e provisões confortáveis para vocês e para as suas famílias.

7. Isto também pode exercitar o corpo de vocês, o que poderá habilitá-los mais para o serviço da alma.

Tentações e coisas que Corrompem

Estejam perfeitamente familiarizados com as tentações e coisas que tendem a corromper você, e sejam vigilantes o dia todo contra isso. Vocês devem estar alertas especialmente para as tentações que têm se mostrado mais perigosas e cuja presença ou emprego sejam inevitáveis.

Estejam alertas contra os pecados mestres da incredulidade: a hipocrisia, a auto-suficiência, o orgulho, o agradar a carne e o prazer excessivo nas coisas terrenas. Tenham cuidado para não se deixarem atrair para uma mente mundana, e para os cuidados excessivos , ou desejos cobiçosos pela abastança, sob a pretensão de serem diligentes no trabalho de vocês.

Se tiverem que negociar com outras pessoas, tenham cuidado contra o egoísmo ou qualquer coisa que se assemelhe à injustiça ou falta de caridade. Ao lidar com as pessoas, estejam alertas para não usarem de palavras vãs e desocupadas.

Sejam vigilantes também com relação às pessoas que tentam vocês à ira (ou a qualquer tipo de pecado). Mantenham a modéstia e a clareza, no falar, que as leis da pureza requerem. Se tiverem que conviver com bajuladores, sejam vigilantes para não se deixarem inchar de orgulho.

Se tiverem de conviver com pessoas que desprezam ou injuriem vocês, resistam contra a impaciência e o orgulho vingativo.

No início estas coisas serão muito difíceis, enquanto o pecado for forte em vocês. Mas tão logo tiverem adquirido profunda compreensão do perigoso veneno de qualquer destes pecados, o coração de vocês irá pronta e facilmente evitá-los.

Meditação

Quando estiverem sozinhos nas ocupações de vocês, aprendam a remir o tempo em meditações práticas e benéficas. Meditem na infinita bondade e perfeições de Deus, em Cristo e na obra da redenção, nos céus e em quão indignos são de irem para lá e em como vocês merecem a miséria eterna do inferno.

Remindo o Tempo

Valorizem o tempo de vocês. Sejam mais cuidadosos em não desperdiçá-lo do que o são em não desperdiçar dinheiro. Não permitam que recreações inúteis, conversas vãs e companhias não proveitosas, ou o sono roubem o preciosos tempo de vocês.

Sejam mais cuidadosos em escapar das pessoas, ações ou situações da vida que tendem a roubar o tempo de vocês do que o seriam em escapar de ladrões ou salteadores.

Certifiquem-se não apenas de não estarem sendo desocupados, mas de estarem usado o tempo de vocês da maneira mais proveitosa possível. Não prefiram um caminho menos proveitosos à um outro de maior proveito.

Comer e Beber

Comam e bebam com moderação e gratidão, para serem saudáveis e não por prazer inútil. Jamais satisfaçam o apetite pela comida ou bebida quando isto tender a fazer mal à saúde de vocês.

Lembrem-se do pecado de Sodoma: “Eis que esta foi a iniquidade de Sodoma, tua irmã: soberba, fartura de pão e próspera tranqüilidade, teve ela e suas filhas...” (Ez.16:49).

O Apóstolo Paulo chorou quando mencionou aqueles: “cujo destino é a destruição, cujo deus é o ventre, e cuja glória está na infâmia; visto que só se preocupam com as coisas terrenas” (Fp.3:19). Estes são chamados de inimigos da cruz de Cristo (v.18). “Porque se viverdes segundo a carne, caminhais para a morte; mas se pelo Espírito mortificardes os feitos do corpo, certamente vivereis” (Rm.8:13).

Pecados Prevalecentes (queda em pecado)

Se qualquer tentação prevalecer, e vocês vierem a cair em qualquer pecado adicional às deficiências habituais de vocês, lamentem imediatamente e confessem isto a Deus. Arrependam-se rapidamente, custe o que custar. Certamente custará mais ainda continuar no pecado e sem arrependimento.

Não façam pouco caso das falhas habituais de vocês, mas confessem-nas e esforcem-se diariamente contra elas, tendo cuidado para não agravá-las pela falta de arrependimento e pelo descaso.

Relacionamentos

Atentes diariamente para os deveres especiais relativos aos vários relacionamentos de vocês, seja na condição de maridos, esposas, filhos, patrões, empregados, pastores cidadãos ou autoridades.

Lembrem-se que cada relação tem seus deveres especiais e seus proveitos da realização de algum bem. Deus requer de vocês fidelidade nestes relacionamentos, bem como em quaisquer outros deveres.

Ao Final do Dia

Antes de dormir, é sábio e necessário relembrar as nossas atitudes e misericórdias recebidas durante o dia que termina, de maneira que sejam agradecidos por todas as misericórdias recebidas e humilhados por todos os pecados cometidos.

Isto é necessário a fim de que vocês possam renovar o arrependimento bem como ser mais resolutos na obediência, e a fim de que examinem a si mesmos, para ver se a alma de vocês progrediu ou piorou, para ver se o pecado foi diminuído e a graça aumentada; e para avaliar se vocês estão mais preparados para o sofrimento, para a morte e para e eternidade.

Conclusão

Que estas instruções sejam gravadas na mente de vocês e se tornem prática diária nas suas vidas.

Se vocês observarem sinceramente estas instruções, elas conduzirão vocês à santidade, à frutificação, à tranqüilidade na vida, e ainda acrescentarão a vocês uma morte confortável e em paz.

Nota sobre o Autor: O Rev. Richard Baxter foi um conhecido pastor reformado, o qual viveu na Inglaterra durante o século XVII (1615 - 1691). Era um não-conformista, que tentou reformar a Igreja da Inglaterra, sendo muitas vezes preso por isso. Dentre os seus livros mais importantes estão: O Pastor Reformado (PES), O Descanso Eterno dos Santos, A Vida Divina, Um Tratado sobre a Conversão, Um Apelo ao não Convertido, Agora ou Nunca, Convite para Viver (PES) e muitos outros clássicos evangélicos.

Os escritos, a pregação e a vida de Baxter produziram um inegável reavivamento espiritual na cidade de Kdderminster, onde realizou o seu ministério. Quando ele chegou na cidade, eram poucos os crentes e duvidosas as suas conversões. Algum tempo depois , entretanto, o templo de sua igreja teve que ser aumentado - ainda assim não comportava mais as pessoas, que escalavam as janelas para ouvir suas pregações; muitas ruas da cidade tiveram todos os seus moradores convertidos; podia-se ouvir centenas de pessoas cantando hinos de louvor a Deus em plena rua; e as conversões davam provas suficientes de serem sinceras e profundas.

Tradução: Pastor Paulo Anglada

Texto extraido de http://www.monergismo.com/textos/vida_piedosa/passar_dia_com_deus.htm
Imagem extraida de rpv-br.blogspot.com

John Owen – Estudo Sobre a Tentação: Como combater e vencer as Tentações


“O alvo da tentação é desonrar a Deus e abater a alma.” (John Owen)

“Vigiai e orai, para que não entreis em tentação; o espírito, na verdade, está pronto, mas a carne é fraca.” (Mt 26:41)

3 RAZÕES NOS AFLIGEM:

1. O diabo, que é o Tentador – Mt 4:3; 1 Ts 3:5.
2. O mundo.
3. A carne, que é inclinada para o mal – Tg 1:12-13.

QUANDO CAÍMOS EM TENTAÇÃO?

• Quando negligenciamos as obrigações (os deveres) que Deus nos dá.
• Quando alimentamos o mal no coração.
• Quando permitimos que Satanás nos atraia, afastando-nos da comunhão.
• Quando deixamos de obedecer.

2 PONTOS PREJUDICIAIS:

1. O grande mal que a tentação pode causar.
2. A grande variedade de tentação usada.
“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e desesperadamente corrupto; quem o conhecerá?” (Jr 17:9) – Em outras palavras: Não confie no coração!
Confie nas condições e considerações doutrinárias; confiança na Palavra, não em homens, nem em si mesmo!

DEUS TEM VÁRIOS MÉTODOS PARA TESTAR SEUS FILHOS:

• Confrontá-los com falsos mestres e falsos ensinos – “vos prova…” Dt 13:1,3
• Tribulações – “acima das nossas forças”… 2 Co 1:8 – Deus nos testa além da nossa capacidade, dando deveres, às vezes, acima dos recursos, como um desafio ou tarefa.
• Sofrimento e martírio – “… Cristo sofreu… deixando-vos exemplo…” 1 Pe 2:21 – “…a graça de padecerdes por Cristo…” Fp 1:29.
Obs.: Deus não tenta. – “…Deus não pode ser tentado pelo mal e ele mesmo a ninguém tenta.” Tg 1:13.

COMO COMBATER E VENCER A TENTAÇÃO:

1. Não menosprezar o poder da tentação, ela tem o poder de obscurecer a nossa mente; embriagar; entorpecer, de várias maneiras:
a) Dominando os pensamentos; a imaginação. Podemos chamar de obtusidade; cegueira.
b) Ela faz uso dos desejos e das emoções para turvar, nebular a nossa mente. Podemos chamar de irracionalismo. A nossa carne (o “eu”) tem o hábito de justificar e racionalizar o mal com pretextos sofisticados.
c) Inflamando os desejos maus, ela controla com violência e poder, adaptando-se ao pecado específico e adequado, como se fosse combustível diante do fogo. Ela ataca o ponto vital; o “calcanhar de Aquiles”. Até os mais fortes se surpreendem. Ex.: Pedro negou a Cristo.

2. Não menosprezar o poder da tentação coletiva. – Ap 3:10
a) O soberano poder de Deus faz uso dela para punir o mundo ímpio e julgar o joio (o falso crente).
b) Serve para manifestar tanto o bom exemplo (piedade) quanto o mau exemplo (impiedade). – 2 Tm 3:1-9. – Manifesta a frouxidão, acomodação ou firmeza.
c) Uma pequena brecha, uma pequena semente, uma pequena quantidade de fermento leveda toda a massa. – 1 Co 5:6; Gl 5:9. – “É mais fácil seguir a multidão que pratica o que não é certo, do que ficar firme com o que é certo.” (s/ ref.) , “Não é difícil fazer o certo, difícil é saber o que é certo e quando se sabe, difícil é não faze-lo.” (s/ ref.), “Não tropeçamos em montanhas, e, sim, em pequenas pedras.” (s/ ref.).
d) Na tentação coletiva sempre há fortes razões, justificativas, para nos levar para o mal. E isto se combate com: Fidelidade, obediência, humildade, crítica, análise, perspectiva correta, visão futura. – “teme a Deus e guarda os seus mandamentos…” Ec 12:13.

3. O poder da tentação pessoal.

a) Como é que pode acontecer um ato pecaminoso num crente firme? Há um processo da seguinte maneira:

1. O crente experimenta um pequenino passo com certa resistência, mas como não passa de uma resistência parcial, passa-se para a segunda etapa,
2. Ganha-se território. A tentação entra na alma, logo a tendência é crescente,
3. Após um certo estágio basta uma situação propícia para consumar. E neste ponto só há uma maneira de vence-la: A Mortificação, matar o mal pela raiz. – “Ou mortificamos os nossos desejos pecaminosos ou nossa alma morrerá.” (John Owen). – A razão não pode trabalhar em prol do desejo! Temos que aprender da própria experiência, pesar os contras, os prejuízos, os tormentos, etc.).

Por John Owen
Resumido e Adaptado por Raniere Menezes. Retirado de monergismo.com

Creditos à http://voltemosaoevangelho.com/blog/2012/03/john-owen-estudo-sobre-a-tentacao-como-combater-e-vencer-as-tentacoes/?utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+voltemosaoevangelho+%28Voltemos+ao+Evangelho%29
Imagem extraida de gospelatualidades.blogspot.com

quinta-feira, 22 de março de 2012

Série História da Igreja - Juliano Heyse - Introdução - CTB 01

Podemos aprender da história? / O que é a Igreja? / Importância de estudar a história da igreja


Créditos à http://www.bomcaminho.com

quarta-feira, 21 de março de 2012

(David Brainerd) - Heróis da Fé - Série - 10

Lei e Graça

FIDES REFORMATA 4/2 (1999)
Lei e Graça: Uma visão reformada
Mauro Fernando Meister*

É quase um paradigma para os cristãos modernos associar o Antigo Testamento à Lei e o Novo Testamento à Graça. Em várias oportunidades propus a estudantes de seminário e na escola dominical estabelecer o relacionamento entre os termos e, invariavelmente, a resposta tem sido a seguinte relação:

LEI — Antigo Testamento
GRAÇA — Novo Testamento


I. Estamos sob a Lei ou sob a graça?

Esse questionamento reflete um entendimento confuso do ensino bíblico acerca da lei e da graça de Deus. Muitos associam a lei como um elemento pertencente exclusivamente ao período do Antigo Testamento e a graça como um elemento neotestamentário. Isso é muitas vezes o fruto do estudo apressado de textos como:

...sabendo, contudo, que o homem não é justificado por obras da lei, e sim mediante a fé em Cristo Jesus, também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em Cristo e não por obras da lei, pois, por obras da lei, ninguém será justificado (Gálatas 2.16).

Porque o pecado não terá domínio sobre vós; pois não estais debaixo da lei, e sim da graça (Romanos 6.14).

E, de fato, uma leitura isolada dos textos acima pode levar o leitor a entender lei e graça como um binômio de oposição. Lei e graça parecem opostos, sem reconciliação — o cristão está debaixo da graça e conseqüentemente não tem qualquer relação com a lei. No entanto, essa leitura é falaciosa. O entendimento isolado desses versos leva a uma antiga heresia chamada antinomismo, a negação da lei em função da graça. Nessa visão, a lei não tem qualquer papel a exercer sobre a vida do cristão. O coração do cristão torna-se o seu guia e a lei se torna dispensável.1 O oposto dessa posição é o legalismo ou
moralismo, que é a tendência de enfatizar a lei em detrimento da graça (neonomismo). Nesse caso, a obediência não é um fruto da graça de Deus, uma evidência da fé, mas uma tentativa de agradar a Deus e de se adquirir mérito diante dele. Exatamente contra essa idéia é que a Reforma Protestante lutou, apresentando como uma de suas principais ênfases a sola gratia.

No século XVI, os católicos acusavam os reformadores de antinomistas, de serem contrários à lei de Deus. Até mesmo o grande reformador Martinho Lutero expressou preocupação quanto a alguns de seus seguidores que, em seu zelo de proclamar a graça por tanto tempo desprezada pela Igreja, acabavam por desprezar a Lei. Desde a reforma têm aparecido movimentos enfatizando um ou outro desses aspectos, lei ou graça, sempre de forma excludente. Um dos mais recentes movimentos nessa linha, enfatizando a graça em detrimento da lei, é o dispensacionalismo. Essa forma de abordagem surgiu no século XIX, caracterizando a lei como a forma de salvação no período mosaico e o

evangelho como a forma de salvação na dispensação da igreja. Esse é, possivelmente, o movimento que mais influência exerce atualmente na interpretação do papel da lei e da graça entre os evangélicos ao redor do mundo.

Em uma direção oposta, outro grande movimento foi iniciado por Karl Barth, em seu livro God, Grace and Gospel, onde argüi por uma unidade básica entre lei e graça, direcionando seu pensamento para um novo moralismo.2 Para termos uma boa idéia de
como o debate ainda é atual, em 1993 foi publicado o livro Five Views on Law and Gospel, da coleção Counterpoints, no qual cinco escritores evangélicos contemporâneos expressam diferentes pontos de vista sobre a relação entre a lei e o evangelho (graça).3 Sem sombra de dúvida, o assunto ainda está muito longe de apresentar um
consenso entre os evangélicos.

As implicações da forma como entendemos a relação entre lei e graça vão muito além do aspecto puramente intelectual. Esse entendimento vai, na verdade, determinar toda a forma como alguém enxerga a vida cristã e que tipo de ética esse cristão irá assumir em sua caminhada. John Hesselink, um estudioso sobre a relação entre lei e graça, exemplifica que, na década de 1960, os cristãos proponentes da ética situacionista se levantaram contra leis, regras e princípios gerais, propondo uma nova moralidade.4 Esse
movimento propõe que a ética das Escrituras não é absoluta, mas depende do contexto. Nem mesmo a lei moral de Deus é absoluta; ela depende da situação. Essa proposta surgiu e se desenvolveu dentro do cristianismo tradicional, alcançando seguidores de todas as bandeiras denominacionais, praticamente sem restrições. A lei não tem mais qualquer papel determinante na ética cristã; o que determina a ética cristã é o “princípio do amor,” conclui o movimento. A conseqüência dessa conclusão é que a graça suplanta a lei. As decisões éticas devem ser tomadas levando em consideração o princípio do amor. Tome-se por exemplo a questão do aborto no caso de estupro. Aprová-lo nessas circunstâncias é um ato de amor baseado no princípio do amor à mãe que foi estuprada. Ou mesmo a questão da pena de morte. Ela não se encaixa no princípio do amor ao próximo e, portanto, não pode ser uma prática cristã. Até mesmo situações como o divórcio passam a ser aceitáveis pelo princípio do amor. A separação de casais passa a ser aceitável pelo mesmo princípio. O mesmo acontece com o homossexualismo. Aceitar o homossexualismo passa a ser um ato de amor, e portanto, essa prática não pode ser considerada como pecado, ou, se assim considerada, é um pecado aceitável.

Mas seria essa a verdadeira conclusão do cristianismo e o verdadeiro ensino das Escrituras sobre a lei? É isso que o estudo das Escrituras e o cristianismo histórico nos
ensinam? Nas páginas a seguir avaliaremos o pensamento de Calvino a respeito dessa questão e a aplicação calvinista refletida na Confissão de Fé de Westminster (CFW).

II. O Uso da Lei

Para entendermos bem o uso da lei precisamos entender o que são o pacto das obras e o pacto da graça. Assim, é prudente começarmos por esclarecer o que são esses pactos e qual o conceito de lei que está envolvido na questão.

Pacto das Obras e Pacto da Graça5 é a terminologia usada pela Confissão de Fé de Westminster6 para explicar a forma de relacionamento adotada por Deus para com as
suas criaturas, os seres humanos. Mais do que isso, essa terminologia reflete o sistema teológico adotado pelos reformados, conhecido como teologia federal.7 De forma bem resumida, podemos dizer que o pacto das obras é o pacto operante antes da queda e do pecado. Adão e Eva viveram originalmente debaixo desse pacto e sua vida dependia da

sua obediência à lei dada por Deus de forma direta em Gênesis 2.17 — não comer da árvore do conhecimento do bem e do mal.8 Adão e Eva descumpriram a sua obrigação,
desobedeceram a lei e incorreram na maldição do pacto das obras, a morte.

pacto da graça é a manifestação graciosa e misericordiosa de Deus, aplicando a maldição do pacto das obras à pessoa de seu Filho, Jesus Cristo, fazendo com que parte da sua criação, primeiramente representada em Adão, e agora representada por Cristo, pudesse ser redimida. Porém, a lei antes da queda não se resume à ordem de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. A lei não deve ser reduzida a um aspecto somente. Existem outras leis, implícitas e explícitas, no texto bíblico. Por exemplo, a descrição das bênçãos em Gênesis 1.28 aparece nos imperativos sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e dominai. Esses imperativos foram ordens claras do Criador a Adão e sua esposa e, por conseguinte, eram leis. O relacionamento de Adão com o Criador estava vinculado à obediência, a qual ele era capaz de exercer e assim cumprir o papel para o qual fora criado. No entanto, o relacionamento de Adão com Deus não se limitava à obediência. Esse relacionamento, acompanhado de obediência, deveria expandir-se de maneira que nele o Deus criador fosse glorificado e o ser humano pudesse ter plena alegria em servi-lo. A Confissão de Fé nos fala da lei de Deus gravada no coração do homem (CFW 4.2). Essa lei gravada no coração do ser humano reflete o tipo de intimidade reservada por Deus para as suas criaturas.

Nesse contexto podemos perceber que a lei tinha um papel orientador para o ser humano. Para que o seu relacionamento com o Criador se mantivesse, o homem deveria ser obediente e assim cumprir o seu papel. A obediência estava associada à manutenção da bênção pactual. A não obediência estava associada à retirada da bênção e à aplicação da maldição. A lei, portanto, tinha uma função orientadora. O ser humano, desde o princípio, conheceu os propósitos de Deus através da lei. Tendo quebrado a lei, ele tornou-se réu da mesma e recebeu a clara condenação proclamada pelo Criador: a morte.

O que acontece com essa lei depois da queda e da desobediência? Ela tem o mesmo papel? Ela possui diferentes categorias? Por que Deus continuou a revelar a sua lei ao ser humano caído?

III. De que Lei estamos Falando?

A revelação da lei de Deus, como expressão objetiva da sua vontade, encontra-se registrada nas Escrituras. Esse registro, que começou nos tempos de Moisés, fala-nos da lei que Deus deu a Adão e também aos seus descendentes. Essa lei foi revelada ao longo do tempo. Dependendo das circunstâncias e da ocasião em que foi dada, possui diferentes aspectos, qualidades ou áreas sobre as quais legisla. Assim, é importante observar o contexto em que cada lei é dada, a quem é dada e qual o seu objetivo manifesto. Só assim poderemos saber a que estamos nos referindo quando falamos de Lei.

A Confissão de Fé, no capítulo 18, divide esses aspectos em lei moral, civil e cerimonial.
Cada uma tem um papel e um tempo para sua aplicação:

(a) Lei Civil ou Judicial - representa a legislação dada à sociedade israelita ou à nação de Israel; por exemplo, define os crimes contra a propriedade e suas respectivas punições.

(b) Lei Religiosa ou Cerimonial - representa a legislação levítica do Velho

Testamento; por exemplo, prescreve os sacrifícios e todo o simbolismo cerimonial.

(c) Lei Moral - representa a vontade de Deus para o ser humano, no que diz respeito ao
seu comportamento e aos seus principais deveres.

A. Toda a Lei é aplicável aos nossos dias?

Quanto à aplicação da Lei, devemos exercitar a seguinte compreensão:

(a) A Lei Civil tinha a finalidade de regular a sociedade civil do estado teocrático de Israel. Como tal, não é aplicável normativamente em nossa sociedade. Os sabatistas erram ao querer aplicar parte dela, sendo incoerentes, pois não conseguem aplicá-la, nem impingi-la, em sua totalidade.

(b) A Lei Religiosa tinha a finalidade de imprimir nos homens a santidade de Deus e apontar para o Messias, Cristo, fora do qual não há esperança. Como tal, foi cumprida com sua vinda. Os sabatistas erram ao querer aplicar parte da mesma nos dias de hoje e ao mesclá-la com a Lei Civil.

(c) A Lei Moral tem a finalidade de deixar bem claro ao homem os seus deveres, revelando suas carências e auxiliando-o a discernir entre o bem e o mal. Como tal, é aplicável em todas as épocas e ocasiões. Os sabatistas acertam ao considerá-la válida, porém erram ao confundi-la e ao mesclá-la com as outras duas, prescrevendo um aplicação confusa e desconexa.9

Assim sendo, é fundamental que, ao ler o texto bíblico, saibamos identificar a que tipo de lei o texto se refere e conhecer, então, a aplicabilidade dessa lei ao nosso contexto. As leis civis e cerimoniais de Israel não têm um caráter normativo para o povo de Deus em nossos dias, ainda que possam ter outra função como, por exemplo, ensinar-nos princípios gerais sobre a justiça de Deus. Portanto, a lei que permanece “vigente” em nossa e em todas as épocas é a lei moral de Deus. Ela valeu para Adão assim como vale para nós hoje. Isto implica que estamos, hoje, debaixo da lei?

B. Estamos sob a Lei ou sob a Graça de Deus?

Muitas interpretações erradas podem resultar de um entendimento falho das declarações bíblicas de que “não estamos debaixo da lei, e sim da graça” (Romanos 6.14). Se considerarmos que os três aspectos da lei de Deus apresentados acima são distinções bíblicas, podemos afirmar:

(a) Não estamos sob a Lei Civil de Israel, mas sob o período da graça de Deus, em que o evangelho atinge todos os povos, raças, tribos e nações.

(b) Não estamos sob a Lei Religiosa de Israel, que apontava para o Messias, foi cumprida em Cristo, e não nos prende sob nenhuma de suas ordenanças cerimoniais, uma vez que estamos sob a graça do evangelho de Cristo, com acesso direto ao trono, pelo seu Santo Espírito, sem a

intermediação dos sacerdotes.

(c) Não estamos sob a condenação da Lei Moral de Deus, se fomos resgatados pelo seu sangue, e nos achamos cobertos por sua graça. Não estamos, portanto, sob a lei, mas sob a graça de Deus, nesses sentidos.

Entretanto...

(a) Estamos sob a Lei Moral de Deus, no sentido de que ela continua representando a soma de nossos deveres e obrigações para com Deus e para com o nosso semelhante.

(b) Estamos sob a Lei Moral de Deus, no sentido de que ela, resumida nos Dez Mandamentos, representa o caminho traçado por Deus no processo de santificação efetivado pelo Espírito Santo em nossa pessoa (João 14.15). Nos dois últimos aspectos, a própria Lei Moral de Deus é uma expressão de sua graça, representando a revelação objetiva e proposicional de sua vontade.10

IV. Os Três usos da Lei11

Para esclarecer a função da lei de Deus dada por intermédio de Moisés12 nas diferentes épocas da revelação, Calvino usou a seguinte terminologia:

A. O Primeiro Uso da Lei: Usus Theologicus

É a função da lei que revela e torna ainda maior o pecado humano. Segue o ensino de
Paulo em Romanos 3.20 e 5.20:

...visto que ninguém será justificado diante dele por obras da lei, em razão de que pela lei vem o pleno conhecimento do pecado.

Sobreveio a lei para que avultasse a ofensa; mas onde abundou o pecado, superabundou a graça.13

Calvino aponta para esse papel da lei diante da realidade do homem caído. Sendo o pecado abundante, vivemos no tempo em que a lei exerce o “ministério da morte” (2 Co 3.7) e, por conseguinte, “opera a ira” (Rm 4.15).

Cabe aqui uma nota sobre a terminologia dos reformadores (especialmente Calvino) a respeito da lei. A palavra lei é usada em pelo menos dois sentidos distintos, que devem ser entendidos a partir do contexto. Em alguns casos o termo lei é usado como um sinônimo de Antigo Testamento, da mesma forma como Evangelho é usado como um sinônimo de Novo Testamento. Em outros contextos o termo lei é usado como uma categoria especial referente ao seu uso como categoria de comando, um mandamento direto expressando a vontade absoluta de Deus sobre alguma coisa, sem promessa. É dessa forma que Calvino interpreta a lei em 2 Co 3.7, Rm 4.15 e 8.15. Nesse sentido, o binômio que se confirma é o binômio Lei x Evangelho. O mandamento que não traz salvação versus a graça salvadora de Deus. Porém, não podemos esquecer que é o próprio Antigo Testamento que nos apresenta a promessa da salvação de Deus, a sua graça operante sobre os crentes da antiga dispensação.

Em Romanos, Paulo aponta para a perfeição da lei, que, se obedecida, seria suficiente para a salvação. Porém, nossa natureza carnal confronta-se com a perfeição da lei, e essa, dada para a vida, torna-se em ocasião de morte. Uma vez que todos são comprovadamente transgressores da lei, ela cumpre a função de revelar a nossa iniqüidade.

Explicando isso, Calvino comenta:

Ainda que o pacto da graça se ache contido na lei, não obstante Paulo o remove de lá; porque ao contrastar o evangelho com a lei, ele leva em consideração somente o que fora peculiar à lei em si mesma, ou seja, ordenança e proibição, refreando assim os transgressores com a ameaça de morte. Ele atribui à lei suas próprias qualificações, mediante as quais ela difere do evangelho. Contudo, pode-se preferir a seguinte
afirmação: “Ele só apresenta a lei no sentido em que Deus, nela, se pactua conosco em relação às obras.14

B. O Segundo Uso da Lei: Usus Civilis

É a função da lei que restringe o pecado humano, ameaçando com punição as faltas contra ela mesma.15 É certo que essa função da lei não opera nenhuma mudança interior no coração humano, fazendo-o justo ou reto ao obedecê-la. A lei opera assim como um freio, refreando “as mãos de uma ação extrema.”16 Portanto, pela lei somente o homem
não se torna submisso, mas é coagido pela força da lei que se faz presente na sociedade comum. É exatamente isto que permite aos seres humanos uma convivência social.
Vivemos em sociedade para nos proteger uns dos outros. Com o tempo, o homem pode aprender a viver com tranqüilidade por causa da lei de Deus que nos restringe do mal. O homem é capaz, por causa da lei de Deus, de copiá-la para o seu próprio bem. É até mesmo capaz de criar leis que refletem princípios da justiça de Deus. Calvino menciona o texto de 1 Timóteo 1.9-10 para mostrar essa função da lei:

...tendo em vista que não se promulga lei para quem é justo, mas para transgressores e rebeldes, irreverentes e pecadores, ímpios e profanos, parricidas e matricidas, homicidas, impuros, sodomitas, raptores de homens, mentirosos, perjuros e para tudo quanto se opõe à sã doutrina...

Assim, a lei exerce o papel de coerção para esses transgressores e evita que esse tipo de mal se alastre ainda mais amplamente no seio da sociedade humana. Essa ação inibidora da lei cumpre ainda um outro papel importante no caso dos eleitos não regenerados. Ela serve como um aio, um condutor a Cristo, como diz Paulo em Gálatas 3.24: “...de maneira que a lei nos serviu de aio para nos conduzir a Cristo, a fim de que fôssemos justificados por fé.” Dessa forma ela serviu à sociedade judia e serve à sociedade humana como um todo. Da mesma forma essa lei serve ao eleito ainda não regenerado. Ele, antes da manifestação da sua salvação, é ajudado pela lei a não cometer atrocidades, não como uma garantia de que não fará algo terrível, mas como uma ajuda, pelo temor da punição.

C. O Terceiro Uso da Lei

Esse uso da lei só é válido para os cristãos — ensina-os, a cada dia, qual a vontade de Deus.17 Segundo o texto de Jeremias 31.33, a lei de Deus seria escrita na mente e no
coração dos crentes:

Porque esta é a aliança que firmarei com a casa de Israel, depois daqueles dias, diz o

SENHOR: Na mente, lhes imprimirei as minhas leis, também no coração lhas inscreverei; eu serei o seu Deus, e eles serão o meu povo.

Se a lei de Deus está impressa na mente e escrita no coração dos crentes, qual a função da lei escrita por Moisés? Ela é realmente necessária? Não basta um coração convertido, amoroso e cheio de compaixão para conhecer a vontade de Deus? A “lei do amor” e a consciência do cristão orientado pelo Espírito Santo não bastam? Não seria suficiente apenas termos a paz de Cristo como árbitro de nossos corações? (Cl 3.15).

Creio que não é bem assim. A lei, assim como no Éden, tem ainda um papel orientador para os cristãos. Embora eles sejam guiados pelo Espírito de Deus, vivendo e dependendo tão somente da sua maravilhosa graça, a “lei é o melhor instrumento mediante o qual melhor aprendam cada dia, e com certeza maior, qual seja a vontade de Deus, a que aspiram, e se lhes firme na compreensão.”18 A paz de Cristo como o árbitro dos corações
só é clara quando conhecemos com clareza a vontade de Deus expressa na sua lei. Deus expressa sua vontade na sua lei e essa se torna um prazer para o crente, não uma obrigação. Calvino exemplifica com a figura do servo que de todo o coração se empenha em servir o seu senhor, mas que, para ainda melhor servi-lo, precisa conhecer e entender mais plenamente aquele a quem serve. Assim, o crente, procurando melhor servir ao seu Senhor empenha-se em conhecer a sua vontade revelada de maneira clara e objetiva na lei.

A lei também serve como exortação para o crente. Ainda que convertidos ao Senhor, resta em nós a fraqueza da carne, que pode ser, no linguajar de Calvino, chicoteada pela lei, não permitindo que estejamos à mercê da inércia da mesma.

Vejamos alguns exemplos do relacionamento entre o crente do Antigo Testamento e o terceiro uso a lei. Primeiramente, podemos observar o prazer do salmista ao falar da lei no Salmo 19.7-14:

A lei do SENHOR é perfeita e restaura a alma; o testemunho do SENHOR é fiel e dá sabedoria aos símplices.

Os preceitos do SENHOR são retos e alegram o coração; o mandamento do SENHOR é puro e ilumina os olhos.

O temor do SENHOR é límpido e permanece para sempre; os juízos do SENHOR são verdadeiros e todos igualmente justos.

São mais desejáveis do que ouro, mais do que muito ouro depurado; e são mais doces do que o mel e o destilar dos favos.

Além disso, por eles se admoesta o teu servo; em os guardar, há grande recompensa.

Quem há que possa discernir as próprias faltas? Absolve-me das que me são ocultas.

Também da soberba guarda o teu servo, que ela não me domine; então, serei irrepreensível e ficarei livre de grande transgressão.

As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam agradáveis na tua presença, SENHOR, rocha minha e redentor meu.

Que princípio de morte opera nessa lei, segundo o salmista? Nenhum. Para o regenerado, o crente no Senhor, a lei é prazer, é desejável, inculca temor, restaura a alma e lhe dá sabedoria. Isso de alguma forma parece contradizer os ensinos do Novo Testamento. O terceiro uso da lei é claro para o salmista. A lei em si não faz nenhuma dessa coisas, mas para o coração regenerado ela traz prazer e alegria. Na lei o salmista reconhece a sua

rocha, o seu redentor, Jesus Cristo: “rocha minha e redentor meu.” Observe também o Salmo 119.1-20:

Bem-aventurados os irrepreensíveis no seu caminho, que andam na lei do SENHOR.
Bem-aventurados os que guardam as suas prescrições e o buscam de todo o coração; não praticam iniqüidade e andam nos seus caminhos.

Tu ordenaste os teus mandamentos, para que os cumpramos à risca. Tomara sejam firmes os meus passos, para que eu observe os teus preceitos. Então, não terei de que me envergonhar, quando considerar em todos os teus mandamentos.

Render-te-ei graças com integridade de coração, quando tiver aprendido os teus retos juízos.

Cumprirei os teus decretos; não me desampares jamais.

De que maneira poderá o jovem guardar puro o seu caminho? Observando-o segundo a tua palavra.

De todo o coração te busquei; não me deixes fugir aos teus mandamentos. Guardo no coração as tuas palavras, para não pecar contra ti. Bendito és tu, SENHOR; ensina-me os teus preceitos. Com os lábios tenho narrado todos os juízos da tua boca.

Mais me regozijo com o caminho dos teus testemunhos do que com todas as riquezas.

Meditarei nos teus preceitos e às tuas veredas terei respeito. Terei prazer nos teus decretos; não me esquecerei da tua palavra. Sê generoso para com o teu servo, para que eu viva e observe a tua palavra. Desvenda os meus olhos, para que eu contemple as maravilhas da tua lei. Sou peregrino na terra; não escondas de mim os teus mandamentos.
Consumida está a minha alma por desejar, incessantemente, os teus juízos.

De onde vem esse desejo do salmista pelos juízos de Deus? Da lei que opera sobre o homem natural? Certamente que não. Mas para o homem regenerado a lei de Deus se torna objeto de desejo da alma. A lei é maravilhosa para aquele que tem os olhos abertos pelo Senhor. Amar a lei de Deus é ensino claro das Escrituras para os regenerados. Viver na lei de Deus é bênção para o cristão, para o salvo. Ela é o nosso orientador para melhor conhecermos a vontade do nosso Senhor e assim melhor servi-lo. Observe que o viver segundo a lei de Deus é considerado uma bem-aventurança, é como ter fome e sede de justiça.

Pergunto: O que seria do cristão sem a lei para orientá-lo? Como conheceria ele a vontade de Deus? (essa, aliás, é uma das perguntas mais freqüentes entre os crentes no seu dia-a-dia). Ele seria um perdido, buscando respostas em seu próprio coração, na igreja, no consenso eclesiástico, na autoridade de alguém que considerasse superior. Mas o crente tem a lei de Deus, expressando objetivamente qual é o desejo do Criador para a criatura, qual o desejo do Pai para seus filhos.

Mas essa visão da lei não nos traz de volta ao legalismo? Estamos então novamente debaixo da lei? Certamente que não. Para bem entendermos a posição bíblica expressa por Calvino sobre a lei no pacto da graça, precisamos entender também como ele relaciona Cristo e a Lei.

V. Cristo e a Lei

Precisamos entender que Cristo satisfez e cumpriu a lei de forma plena e completa. Ele não veio revogar a lei. Façamos uma breve análise de Mateus 5.17-19:

Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra. Aquele, pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus.

Alguns pontos interessantes são demonstrados por Jesus nessa passagem: (a) Ele veio cumprir a lei e não revogá-la.

(b) A lei seria cumprida totalmente, em todas as suas exigências e em todas as suas modalidades (moral, cerimonial e civil) enquanto houvesse sentido em fazê-lo.

(c) Aquele que viola a lei pode chegar ao Reino dos Céus! (“aquele que violar...será considerado mínimo no reino dos céus.”) O sermão do monte é um sermão para crentes e o texto pode ser entendido dessa forma.

(d) Aquele que cumpre a lei será considerado grande no Reino dos Céus. Como entender essas conclusões de Jesus com respeito a si mesmo e à Lei?

(a) Ele veio cumprir a lei e de fato a cumpriu em todas as suas dimensões: cerimonial, civil e moral. Não houve qualquer aspecto da lei para o qual Cristo não pudesse atentar e cumprir. Cristo cumpriu a lei de forma perfeita, sendo obediente até a própria morte. Ele tomou sobre si a maldição da lei. Ele se torna o fundamento da justificação para o eleito.

(b) Ele não só cumpriu a lei perfeitamente, mas também interpretou a lei de forma perfeita, permitindo aos que comprou na cruz, entendê-la de forma mais completa, mais abrangente.

(c) Os que nele crêem agora também podem cumprir os aspectos necessários da lei para uma vida santa. No entanto, esses que por ele são salvos não são mais dependentes da lei para a sua salvação. Por isso há uma diferença clara entre os que chegam ao Reino dos Céus: alguns serão considerados maiores do que outros.

(d) Cristo, ao cumprir a lei, ab-roga a maldição da lei, mas não a sua magisterialidade.19 A lei continua com o seu papel de ensinar ao ser humano a vontade de
Deus. A ab-rogação da maldição da lei é aquilo a que Paulo se refere em textos como Rm 6.14 e Gl 2.16 — estamos debaixo da graça! A lei continua no seu papel de nos ensinar, pela obra do Espírito Santo. Não somos mais condenados pela lei nem servos da mesma. A lei, por expressar a vontade de Deus, se nos torna um prazer.

Johnson resume o material sobre Cristo e a lei no pensamento de Calvino da seguinte forma:

O ponto principal, claro, é que Cristo cumpriu a lei em todos os aspectos, seja no vivê-la, no submeter-se à maldição da lei para satisfazer a sua exigência de punição dos

transgressores, ou restabelecendo sobre outras bases a possibilidade de cumprir aquilo que a lei requer. Cristo, em outras palavras, satisfez tudo o que a lei exigiu ou pode vir a exigir da humanidade. A justificação que estava associada à lei agora pertence completamente a Cristo.20

Portanto, nossa obediência à lei não acontece e não pode acontecer sem Cristo. Tentar viver debaixo da lei, sem Cristo, é submeter-se à escravidão. Porém, obedecer à lei com Cristo é prazer e vida. Também, nesse sentido, Cristo é o fim da lei!

Conclusão

Como fica o aparente paradoxo inicial entre a Lei e Graça? Como corrigir essa visão distorcida? Mais uma vez creio que a visão correta da Confissão de Fé pode nos ajudar a entendê-lo:

Este pacto da graça é freqüentemente apresentado nas Escrituras pelo nome de Testamento, em referência à morte de Cristo, o testador, e à perdurável herança, com tudo o que lhe pertence, legada neste pacto.

Este pacto no tempo da lei não foi administrado como no tempo do Evangelho. Sob a lei foi administrado por promessas, profecias, sacrifícios, pela circuncisão, pelo cordeiro pascoal e outros tipos e ordenanças dadas ao povo judeu, prefigurando, tudo, Cristo que havia de vir; por aquele tempo essas coisas, pela operação do Espírito Santo, foram suficientes e eficazes para instruir e edificar os eleitos na fé do
Messias prometido, por quem tinham plena remissão dos pecados e a vida eterna: essa dispensação chama-se o Velho Testamento.

Sob o Evangelho, quando foi manifestado Cristo, a substância, as ordenanças pelas quais este pacto é dispensado são a pregação da palavra e a administração dos sacramentos do batismo e da ceia do Senhor; por estas ordenanças, posto que poucas em número e administradas com maior simplicidade e menor glória externa, o pacto é manifestado com maior plenitude, evidência e eficácia espiritual, a todas as nações, aos judeus bem como aos gentios. É chamado o Novo Testamento. Não há, pois, dois pactos de graça diferentes
em substância mas um e o mesmo sob várias dispensações (CFW 7.4-6).

Portanto, ao relacionarmos lei e graça devemos nos lembrar dos diversos aspectos e nuanças que estão envolvidos nesses termos.

Primeiramente, encontramos tanto no Antigo quanto no Novo Testamento, a graça de Deus. Ele não reserva a sua graça somente para o período do Novo Testamento como muitos pensam. Tanto no Antigo quanto no Novo Testamento podemos ver Deus agindo graciosamente, salvando aqueles que crêem na promessa do Redentor. Assim Abel, Enoque, Noé, Abraão e todos os santos do Antigo Testamento foram remidos. Nenhum deles foi salvo por obediência à Lei, ainda que o Senhor requeresse deles, assim como requer de nós, que sejamos obedientes.

Em segundo lugar, a lei opera para vida ou morte no pacto das obras e somente para a morte no pacto da graça. No pacto das obras, por mérito, o homem poderia continuar vivo e merecer a “árvore da vida.” Portanto, pela obediência o homem viveria. No pacto da graça a lei opera para condenação do homem caído. Porque o homem já está condenado, ele não pode mais cumprir a lei e ela lhe serve para a morte.

Por último, o crente se beneficia da lei estando debaixo da obra redentora de Cristo. O

mérito de Cristo, sendo obediente à lei até as últimas conseqüências, compra-nos o benefício da salvação e a graça de conhecermos a vontade de Deus pela sua lei. O único modo de o ser humano ser salvo é submeter-se totalmente àquele que, por mérito, compra-lhe a salvação. Ainda aqui o homem é beneficiado pela Lei. Cristo a cumpre e declara justificado aquele por quem ele morre.

Portanto, o nosso gráfico do início deveria ser modificado para refletir a verdade bíblica sobre a Lei e a Graça de Deus:









“Aquele que tem os meus mandamentos e os guarda, esse é o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei e me manifestarei a ele” (João 14.21).

Notas

1 Sobre esse assunto, verificar o artigo W. R. Godfrey, “Law and Gospel,” em New
Dictionary of Theology, eds. Sinclair Ferguson e David F. Wright (Leicester: InterVarsity,
1988), 379.
2 Ibid, 380.
3 Greg Bahnsen et al., Five Views on Law and Gospel (Grand Rapids: Zondervan,
1996). Os cinco autores são Greg Bahnsen, Walter Kaiser Jr., Douglas Moo, Wayne
Strickland e Willem VanGemeren.
4 John Hesselink, “Christ, the Law and the Christian: An Unexplored Aspect of the Third
Use of the Law in Calvin´s Theology,” em B. A. Gerrish, Refomatio Perennis (Pittsburgh:
Pickwick Press, 1981), 12.
5 Calvino usa com certa freqüência a expressão pacto da graça [por exemplo,
Comentário à Sagrada Escritura: Romanos (São Paulo: Parácletos, 1997), 277; As
Institutas, vol. 2, trad. Waldyr Carvalho Luz (São Paulo: Casa Editora Presbiteriana,
1985), 3.17.15; 4.13.6. (A numeração refere-se ao livro, capítulo e parágrafo


respectivamente. A citação da página, quando necessária, vem após o parágrafo, separada por vírgula).

6 Adotada como padrão de fé pela Igreja Presbiteriana do Brasil e por várias outras
igrejas reformadas no mundo.
7 Ver meu artigo “Uma Breve Introdução ao Estudo do Pacto,” Fides Reformata 3.1
(1998), 110-122, especialmente 111-112.
8 Mais detalhes sobre a lei em “Uma Breve Introdução ao Estudo do Pacto (II),” Fides
Reformata 4.1 (1999), 89-102.
9 F. Solano Portela, “Pena de Morte - Uma Avaliação Teológica e Confessional”,
publicação eletrônica - http://www.ipcb.org.br/publicacoes/pena_de_morte.htm
10 Ibid.


11 Uma discussão muito esclarecedora do assunto se encontra em Merwyn S. Johnson,
“Calvin’s Handling of the Third Use of the Law and Its Problems,” Calviniana: Ideas and
Influences of Jean Calvin, 10 (1988), 33-50.
12 As Institutas, 2.7.1, 109.
13 Ibid., 2.7.7.
14 Calvino, Romanos, 277. Parte do comentário de Romanos 8.15.
15 As Institutas, 2.7.10.
16 Ibid., 2.7.10, 119.
17 Ibid., 2.7.12
18 Ibid., 2.7.12, 121.

Extraido de http://www.monergismo.com/textos/lei_evangelho/lei_graca_mauro.pdf

segunda-feira, 19 de março de 2012

Vocês estão em Cristo?


Por Pedro Henrique Medeiros

A bíblia diz que quem está unido a Cristo tem vários beneficios.

Livro Capitulo:Versiculo

Romanos 8:39 "nada poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus, nosso Senhor"
Quem está em Cristo desfruta eternamente do amor de Deus.

Efésios 1:3 "nos tem abençoado com toda sorte de bençao espritual ... em Cristo"
Quem está em Cristo desfruta de toda sorte de bençaos espirituais

Romanos 6:23 "porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor"
Quem está em Cristo tem vida eterna Nele.

A bíblia fala ainda de muitos outros beneficios, mas peguei os principais.

Voce está em Cristo? Como saber se estou ou nao em Cristo?

2 Corintios 5:17 "E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas".
Se voce está em Cristo, sua vida mudou, voce é nova criatura. Isto é algo perceptivel, tanto para voce, quanto para seus amigos e familiares. Se voce nao mudou e nem ninguém percebe qualquer mudança, certamente voce nao está em Cristo.

O que acontece com quem nao está em Cristo?

Joao 3:36 "o que, toda vida, se mantem rebelde contra o Filho [Jesus] nao verá a vida, mas sobre ele permanece a ira de Deus"
Quem nao está em Cristo, além de nao participar dos beneficios citados no inicio da reflexao, terá sobre si mesmo a ira de Deus que se revela contra os pecados dos pecadores rebeldes.

O que devo fazer entao?

Mc 1:15 "arrependei-vos e crede no Evangelho [na mensagem de Cristo]"
Há tempo para mudar, para se voltar pra Cristo e confiar sua vida a Ele.

Extraido de futebolapeb.blogspot.com
Imagem extraida de defesadoevangelho.com.br

Reflexão: Filho de Davi! Tem compaixão de mim.


Reflexão: Filho de Davi! Tem compaixão de mim.
Lc 18:38

Pode se perceber uma grande multidão em volta de Cristo, mulher de fluxo de sangue, cegos de nascença, paralíticos, lunáticos, e entre outras pessoas necessitadas de uma cura, um milagre.
O Próprio Deus Filho no meio do povo, salvando, curando, libertando almas carentes necessitadas da Glória de Deus.
E como certas dificuldades nos deparamos com situações em nossas vidas, que como Bartimeu, precisamos clamar Filho de Davi! Tem compaixão de mim.
Um Grito desesperado brota de nós Cristãos, pois creio que um dos grandes problemas, somos nós que salvos em Cristo Jesus, lutamos para que não voltemos a cegueira espiritual.
O Pecado é tendencioso, o pecado é o mau da humanidade, é a ferida que quando mexida na vida do crente sangra e doi.
E o grande problema quando ele tenta reinar, dominar as nossas vidas, tentando fazer retornarmos as praticas que uma vez libertas por Cristo Jesus.
Uma experiência Gloriosa tenho vivido com Cristo, já cansado do pecado, cheguei em oração ao Pai, e clamei Pai me livra de uma vez deste mal, e O Senhor tem me dado vitória, sabedor de que somente ele para sustentar e me livrar da prisão do pecado.
Por isso devemos clamar, Pois o Filho de Deus, continua a inclinar os seus ouvidos para aqueles que são seus, que assim como eu já não mais suporta o grude do pecado, esta coisa nojenta e pegajosa que tenta nos afastar do Deus Vivo.

Ouçamos pelas Escrituras a voz de Cristo, no verso 41 Capitulo 18 Que queres que eu te faça? E nós como o cego dizemos Senhor, que eu torne a ver. Logo ele olhou e viu Cristo em sua frente.
Não podemos vê-lo, mais podemos nos achegar a ele pela fé!

Imagem extraida de osegredodolivro.com.br

sábado, 17 de março de 2012

Pregando Cristo no Antigo Testamento (3)


“eu nunca encontrei um texto que não possuísse uma estrada para Cristo”

1. A Proposta e as Razões da Pregação Cristocêntrica

Na história da igreja deve ser lembrada a bem conhecida máxima de Agostinho: “No Antigo Testamento o Novo é latente; no Novo, o Antigo é patente”. Ele escreveu que há significados escondidos nas Escrituras divinas que devem ser investigados da melhor forma possível, mas sempre com a certeza de que todos os eventos históricos e a narrativa deles são de alguma forma a prefiguração de eventos futuros e devem ser interpretados somente com referência a Cristo e sua igreja. Avançando para a Reforma encontra-se Lutero afirmando convictamente que o testemunho de Cristo é o critério não somente para a boa pregação, mas, antes de tudo, para a avaliação dos livros bíblicos. Ele escreveu: “Em toda a Escritura não há nada a não ser Cristo, em palavras simples ou palavras complicadas”. “Se olharmos seu significado interior, toda Escritura é somente sobre Cristo em todo lugar, ainda que superficialmente possa parecer diferente.” Para compreender esse significado interior, Lutero procura ler o Antigo Testamento à luz do Novo. Ainda que não seja tão enfático quanto à abrangência, Calvino deixa claro o seu entendimento acerca da importância de buscar o conhecimento de Cristo no Antigo Testamento:

… nós devemos ler as Escrituras com o expresso propósito de encontrar Cristo nela. Quem quer que se desvie desse propósito, embora possa fatigar-se por toda a sua vida no aprendizado, nunca alcançará o conhecimento da verdade; pois que sabedoria podemos ter sem a sabedoria de Deus?… Por Escrituras, é sabido, aqui se quer dizer o Antigo Testamento; pois não foi no Evangelho que Cristo primeiro começou a ser manifestado, mas, tendo recebido testemunho da Lei e dos Profetas, ele foi abertamente exibido no Evangelho.

Calvino observa que a compreensão sobre Cristo não é tão clara no Antigo Testamento quanto é no Novo, mas isso não significa que o testemunho de Cristo não esteja presente e suficientemente claro aos que buscam por ele. Para Calvino, Cristo está presente no Antigo Testamento de três formas: como o eterno Logos, como promessa e como tipos, imagens e figuras. Greidanus aponta que não há dúvida de que Calvino cria profundamente na presença de Cristo no Antigo Testamento, mas destaca que, por alguma razão, ele não demonstra sentir-se obrigado a destacar essa presença em todo sermão. De fato, a maioria dos sermões de Calvino sobre o Antigo Testamento são mais bem descritos como teocêntricos.

A despeito de toda essa referência, a seguinte ilustração citada por Spurgeon nos parece por demais chocante.

Um jovem tinha pregado na presença de um respeitável teólogo, e ao final foi até o velho ministro e disse: “O que você achou do meu sermão?”. “Um sermão muito pobre de fato”, ele disse. “Um sermão pobre?”, disse o jovem, “ele me custou um longo tempo de estudo”. “Sim, disso eu não duvido”. “Por que você não acha que minha explanação do texto é muito boa?”. “Oh, sim,” disse o velho pregador, “é muito boa de fato”… “Diga-me porque você o considera um sermão pobre?” “Porque,” disse ele, “não há Cristo nele”. “Bem”, disse o jovem, “Cristo não estava no texto; nós não devemos pregar Cristo sempre, nós devemos pregar o que está no texto”. Então o idoso disse: “Você não sabe, rapaz, que de cada cidade, cada vila ou vilarejo na Inglaterra, onde quer que esteja, há uma estrada para Londres? … Da mesma forma em cada texto da Escritura, há uma estrada… para Cristo. E meu caro irmão, seu trabalho é, quando chegar a um texto, dizer: ‘Então, qual é a estrada para Cristo?’ e então pregar o sermão, percorrendo a estrada até… Cristo. E… eu nunca encontrei um texto que não possuísse uma estrada para Cristo, e ainda que eu ache um que não tenha uma estrada para Cristo, eu faria uma; eu passaria por cima de cercas e valas, mas eu chegaria a meu Mestre, pois um sermão não pode fazer nada de bom a menos que tenha o perfume de Cristo nele

Essa ilustração não deve ser entendida como se a tarefa de pregar Cristo em todos os sermões devesse ser executada a qualquer preço, inclusive daquelas normas de interpretação que são prezadas por manterem os pregadores fiéis ao ensino proposto pelo texto. Porém, isso deve ser feito como expressão da convicção de que essas normas levarão ao testemunho de Cristo. A questão que se impõe, portanto, é se é possível ser fiel ao significado do texto, um baluarte do método gramático-histórico, e, ao mesmo tempo, imitar os ícones do passado que pregavam somente Cristo. Por outro lado, considerando o testemunho do Novo Testamento e da história, é preciso questionar se os pregadores contemporâneos têm sido fiéis ao significado do texto do Antigo Testamento se, ao contrário do que disseram Jesus e os apóstolos, não percebem o modo como esse texto testemunha de Cristo. Greidanus coloca a questão da seguinte forma:

O que é importante para os pregadores contemporâneos é o seguinte: se o Antigo Testamento realmente evidencia Cristo, então só somos pregadores fiéis quando fazemos justiça a essa dimensão em nossa interpretação e pregação do Antigo Testamento. A tragédia está em que a exegese histórica contemporânea, que procura com tanto empenho recuperar o significado original do Antigo Testamento, geralmente ignora essa dimensão. Embora Cristo seja retratado no Antigo Testamento, pregadores cristãos atuais muitas vezes deixam de notá-lo.

Evidentemente a amplitude do tema nos impede de tratar dessa questão sem impor-lhe limites. Para este estudo foi selecionada a pregação biográfica por ser um aspecto razoavelmente específico da pregação no qual a questão da pregação cristocêntrica adquire evidente importância. Será bastante explorado um antigo livro do professor Greidanus, Sola Scriptura – Problems and Principles in Preaching Historical Texts, onde ele expõe uma controvérsia ocorrida na Igreja Reformada Holandesa sobre o que ele denominou “pregação exemplarista”. Colocando de maneira simples, “a disputa era que os pregadores sobre os textos históricos apresentavam as pessoas mencionadas nos textos como modelos a serem imitados, como exemplos a serem seguidos – daí o termo ‘pregação exemplarista’.” Pregação biográfica e pregação exemplarista não são a mesma coisa, mas serão tratadas em correlação por ser perceptível, como se verá na próxima seção, que a pregação biográfica de nossos dias é predominantemente exemplarista. O intuito final será, então, propor uma abordagem cristocêntrica para os sermões biográficos.

John Piper - Qual a importância de pregar a Cristo a partir de cada texto da Escritura?



Por John Piper. © Desiring God. Website:desiringGod.org
Original: John Piper – Should preachers preach Christ from every text of Scripture?.Website: youtube.com/desiringGod
Tradução e Legenda: voltemosaoevangelho.com
Permissões: Você está autorizado e incentivado a reproduzir e distribuir este material em qualquer formato, desde que adicione as informações supracitadas, não altere o conteúdo original e não o utilize para fins comerciais.

Extraido de http://voltemosaoevangelho.com/blog/2012/02/pregando-cristo-no-antigo-testamento-3

Pregando Cristo no Antigo Testamento (2)


Todo sermão realmente bíblico se desenvolverá de forma a apresentar Jesus Cristo aos ouvintes.

Na primeira postagem apresentamos uma introdução, falando sobre sermões moralistas e uma breve introdução de como pregar de forma cristocêntrica no Velho Testamento. Apresentamos agora, em vários segmentos, um excelente artigo de Dario de Araújo Cardoso sobre isso.

Introdução

O lançamento, em 2006, de dois livros do professor Sidney Greidanus pela Editora Cultura Cristã deu importante contribuição para a discussão sobre a pregação evangélica em nosso país. São eles: O Pregador Contemporâneo e o Texto Antigo e Pregando Cristo a partir do Antigo Testamento. Eles complementam e aprofundam o trabalho de Bryan Chapell, Pregação Cristocêntrica, também publicado pela Editora Cultura Cristã, em 2002. Todos eles, em especial o segundo, têm como ponto chave a proposta de que Cristo não é apenas o tema central e principal das Escrituras, mas é, sobretudo, o tema de toda a Escritura. Assim, segundo esses dois autores, todo sermão realmente bíblico se desenvolverá de forma a apresentar Jesus Cristo aos ouvintes. Ainda que tal proposição pareça superdimensionada aos ouvidos contemporâneos, esses autores não se encontram isolados na história da pregação cristã. Pelo contrário, eles ecoam aquilo que disseram luminares da história da igreja, incluindo Calvino, Lutero e até mesmo os apóstolos. Greidanus os cita fartamente.

Diante dessa proposta, o sermão biográfico no Antigo Testamento parece ser um respeitável desafio prático e será o foco do presente artigo. Primeiramente ver-se-á, a partir de um resumo dos argumentos de Greidanus, qual é a proposta hermenêutica e homilética da pregação cristocêntrica, bem como as razões históricas e teológicas em sua defesa. Em seguida, discutir-se-á a forma de pregação biográfica mais comumente usada, chamada exemplarista, e os problemas hermenêuticos presentes nesse tipo de pregação. Por fim, apresentar-se-á o modelo cristocêntrico proposto por Greidanus, ilustrando sua aplicação nos textos biográficos.

1. A Proposta e as Razões da Pregação Cristocêntrica

[iremos dividir essa seção em duas partes. Nesta primeira, você verá o testemunho das Escrituras e na semana que vem o testemunho histórico]

Argumentando sobre a razão pela qual os pregadores modernos deveriam pregar a Cristo, Greidanus escreve que foi essa a ordem que os discípulos receberam do próprio Jesus em sua despedida (Mt 28.19,20), o que mais tarde foi recordado por Pedro: “E nos mandou pregar ao povo e testificar que ele é quem foi constituído por Deus Juiz de vivos e de mortos” (At 10.42). Vê-se o modo como Pedro realizou esse mandato em sua contundente afirmação no sermão à porta do templo: “Deus, assim, cumpriu o que dantes anunciara por boca de todos os profetas: que o seu Cristo havia de padecer … Disse, na verdade Moisés … E todos os profetas, a começar com Samuel, assim como todos quantos depois falaram, também anunciaram esse dias” (At 3.18,22,24 – grifos meus). Paulo foi comissionado igualmente segundo as palavras do Senhor a Ananias: “este é para mim um instrumento escolhido para levar o meu nome perante os gentios e reis, bem como perante os filhos de Israel” (At 9.15). Diante do rei Agripa, Paulo descreve o modo como a tinha cumprido: “Mas, alcançando socorro de Deus, permaneço até ao dia de hoje, dando testemunho, tanto a pequenos como a grandes, nada dizendo, senão o que os profetas e Moisés disseram haver de acontecer, isto é, que o Cristo devia padecer e, sendo o primeiro da ressurreição dos mortos, anunciaria a luz ao povo e aos gentios” (At 26.22-23 – grifos meus).

Tanto no discurso de Pedro como no de Paulo, deve-se notar a ênfase de que todo o Antigo Testamento anuncia a Jesus e a salvação. Tal atitude não deveria surpreender, uma vez que foi isso mesmo o que os discípulos viram Jesus fazer. Na sinagoga de Nazaré, Jesus leu Isaías 61.1-2, uma referência ao Ano do Jubileu (Lv 25.8-55), e declarou: “Hoje se cumpriu a Escritura que acabais de ouvir” (Lc 4.18-21). E quando caminhava com os discípulos que iam a Emaús firmou: “Ó néscios e tardos de coração para crer tudo o que os profetas disseram!… E, começando por Moisés, discorrendo por todos os profetas, expunha o que a seu respeito constava em todas as Escrituras” (Lc 24.25,27 – grifos meus). Fica claro que os apóstolos aprenderam com Jesus que não apenas certas passagens do Antigo Testamento testemunhavam acerca dele, mas que todo o Antigo Testamento o fazia. Greidanus conclui:

Por esse breve resumo do Novo Testamento, fica claro que os apóstolos e evangelistas pregavam Cristo a partir do Antigo Testamento. Fica também claro que eles o faziam com integridade, porque criam que o Antigo Testamento se referia a Cristo. Finalmente, é evidente que eles aprenderam esse entendimento cristológico do Antigo Testamento do próprio Jesus, pois Jesus não só modelou em sua vida o cumprimento do Antigo Testamento, como também ensinou “as coisas que a seu respeito constavam em todas as Escrituras” (Lc 24.27).

Por Dario de Araújo Cardoso em Uma Abordagem Cristocêntrica para os Sermões Biográficos

Texto Extraido de http://voltemosaoevangelho.com/blog/2012/02/pregando-cristo-no-antigo-testamento-2/

Pregando Cristo no Antigo Testamento (1)


, começando por Moisés, e por todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava em todas as Escrituras. (Lucas 24:27)

Algum tempo atrás falamos sobre formas erradas de se ler as Escrituras. A postagem gerou certa controvérsia, principalmente tendo em vista que nossa geração cresceu ouvindo sermões biográficos moralistas.
Como assim? Sermões biográficos moralistas?
Tenho sua atenção, agora? Para entender melhor o que estamos falando, veja o vídeo abaixo onde Matt Chandler fala como podemos ler a Bíblia à luz do Evangelho, usando o exemplo da história de Davi e Golias.

Davi, Golias e o Evangelho from iPródigo on Vimeo.


Por Matt Chandler © 2012 LifeWay Christian Resources. All Rights Reserved.
Tradução e Legenda por iPródigo.

Por fim, considere o que Spurgeon disse sobre pregar a Cristo em todos os textos:
Um jovem tinha pregado na presença de um respeitável teólogo, e ao final foi até o velho ministro e disse: “O que você achou do meu sermão?”.
Em cada texto da Escritura há uma estrada para Cristo. (Spurgeon)
“Um sermão muito pobre de fato”, ele disse.
“Um sermão pobre?”, disse o jovem, “ele me custou um longo tempo de estudo”.
“Sim, disso eu não duvido”.
“Por que você não acha que minha explanação do texto é muito boa?”.
“Oh, sim,” disse o velho pregador, “é muito boa de fato”…
“Diga-me porque você o considera um sermão pobre?”
“Porque,” disse ele, “não há Cristo nele”.
“Bem”, disse o jovem, “Cristo não estava no texto; nós não devemos pregar Cristo sempre, nós devemos pregar o que está no texto”.
Então o idoso disse: “Você não sabe, rapaz, que de cada cidade, cada vila ou vilarejo na Inglaterra, onde quer que esteja, há uma estrada para Londres? … Da mesma forma em cada texto da Escritura, há uma estrada… para Cristo. E meu caro irmão, seu trabalho é, quando chegar a um texto, dizer: ‘Então, qual é a estrada para Cristo?’ e então pregar o sermão, percorrendo a estrada até… Cristo. E… eu nunca encontrei um texto que não possuísse uma estrada para Cristo, e ainda que eu ache um que não tenha uma estrada para Cristo, eu faria uma; eu passaria por cima de cercas e valas, mas eu chegaria a meu Mestre, pois um sermão não pode fazer nada de bom a menos que tenha o perfume de Cristo nele

Video/Texto/Imagem extraido de http://voltemosaoevangelho.com/blog/2012/02/pregando-cristo-no-antigo-testamento-1/

sexta-feira, 16 de março de 2012

Jô Soares entrevista Rodrigo Pereira da Silva 29.11.2010 (1-3)

Rodrigo Pereira da Silva - É arqueólogo e está terminando seu segundo doutorado em arqueologia clássica pela USP. Além de lecionar, dirige um museu do antigo Mediterrâneo e Oriente Médio no UNASP.

O uso e abuso da história da Igreja


A história da Igreja Cristã, se corretamente considerada e usada, pode ser uma grande fonte de força, sabedoria e estabilidade para o cristão sério. Por outro lado, a história da Igreja, quando considerada erroneamente e usada de maneira equivocada, pode ser uma pedra de tropeço, uma ocasião de fraqueza e estagnação. Há três atitudes para com a história passada da Igreja que são erradas e que podem somente impedir a força verdadeira e o progresso no testemunho da Verdade. Essas três atitudes são: [1] Romantizando o passado; [2] Absolutizando o passado; e [3] Desdenhando o passado. Consideremos cada uma delas.

1. Romantizando o passado

Romantizar o passado significa dar-lhe, em nosso pensamento, uma qualidade ideal ou perfeita que de fato ele não possui. Frequentemente isso envolve o anacronismo de ler o presente no passado, em vez de ver o passado e interpretá-lo como aquilo que ele realmente foi.

Dois exemplos dessa tendência vêm à mente. O primeiro consiste em romantizar a antiga Igreja Britânica ou Céltica — os primeiros séculos do cristianismo na Inglaterra e Irlanda — antes da invasão Anglo-Saxã da Inglaterra e antes do domínio do romanismo. Que a Antiga Igreja Britânica ou Cética era naqueles tempos tão pura quanto qualquer parte do mundo cristão, ou até mesmo mais pura que todas as outras, não questionamos. Mas a tentativa de alguns autores retratarem a Antiga Igreja Britânica como essencialmente calvinista na doutrina e presbiteriana na forma de governo, e em cima disso sustentar que ela preservou em alguns lugares uma continuidade ininterrupta da vida corporativa até a Reforma Protestante, ao longo de mil anos da Idade Média, só pode ser considerado como uma romantização da história sem fundamento.

Similarmente, o movimento valdense do norte da Itália tem sido romantizado, nem tanto pelos valdenses em si, mas pelos escritores em países de fala inglesa. A alegação que os valdenses tinham uma vida corporativa distinta quase similar, se não totalmente, ao período apostólico, e continuando claramente ao longo da Idade Média até os tempos de Martinho Lutero e a Reforma, e que durante esse longo período de quase um milênio e meio eles foram sempre distintos do catolicismo romano, é impossível de sustentar por evidência histórica válida. Antes, a evidência real indica que o movimento valdense originou-se no século 12, aproximadamente 400 anos antes de Martinho Lutero e a Reforma Protestante. Além disso, os valdenses não eram evangélicos ou protestantes no sentido apropriado desses termos. É possível — ou até mesmo provável — que eles acreditavam no sacerdócio universal dos crentes. É verdade que eles se opunham a alguns dos abusos e pretensões mais sérias da Igreja de Roma. Mas eles não sustentavam a ênfase e o cerne real do Protestantismo — a doutrina da justificação pela fé somente — de nenhuma maneira consistente ou apropriada, até que aprenderam-na com a Reforma Luterana no século 16. É ainda mais anti-histórico tentar manter que os valdenses medievais eram calvinistas e presbiterianos antes da Reforma. Que eles foram testemunhas notáveis e fieis da verdade de Deus não pode ser negado, e deveríamos honrar a sua memória por isso. Mas é uma romantização imprópria da história considerar esses santos como virtualmente calvinistas e presbiterianos numa Itália e França medieval.

2. Absolutizando o passado

Absolutizar o passado significa considerar alguma época ou período no passado como ideal e normativo para todos os tempos vindouros. O tempo logo após a morte dos apóstolos, ou o tempo dos grandes Concílios da Igreja Primitiva, ou o tempo de Lutero, Knox e Calvino, ou o tempo da Segunda Reforma e a Assembleia de Westminster, são nostalgicamente considerados como “os velhos e bons dias” e a ideia mantida é a seguinte: que aquilo que a Igreja de nossos dias realmente precisa é voltar em espírito àqueles tempos e ali permanecer. Essa tendência surge de uma falta de perspectiva histórica, frequentemente combinada com um grau considerável de ignorância histórica, e uma falha em reconhecer a imperfeição e o relativismo de todas as realizações humanas, mesmo das melhores e mais nobres feitas em submissão a Deus.

Um exemplo dessa tendência é a noção não incomum de que os credos ou padrões oficiais de uma igreja são sacrossantos e que é algo errado e ímpio procurar alterá-los em algum detalhe, ou mesmo reexaminá-los à luz da Escritura. Essa absolutização do passado conflita inevitavelmente com a autoridade da Escritura como o padrão absoluto de fé e prática. Se há alguns elementos ou fases da história passada da Igreja que devem ser considerados como isentos do julgamento da Escritura, então a Bíblia não é mais a nossa única regra infalível de fé e prática. Se a Escritura é realmente a única regra infalível de fé e prática, então tudo na história da Igreja desde que o Novo Testamento foi finalizado está sujeito ao julgamento de Deus falando na Escritura. Deixamos de honrar a Confissão de Westminster se, por exemplo, atribuímos a ela uma autoridade que pertence somente à Escritura, e assim considerá-la e tratá-la como se fosse infalível. Mas a pessoa que considera ímpio ou profano dizer que tal credo pode ser alterado, sobre a base de um estudo adicional da Bíblia, está tratando esse credo como infalível e dando-lhe uma posição que pertence somente à Palavra de Deus. O presente escritor considera a Confissão de Fé de Westminster a melhor declaração da verdade cristã em forma de credo que já foi formulada. Mas ela não é a Palavra de Deus, e assim não é infalível. Ela foi composta por homens que eram de fato eruditos e piedosos, mas ainda sim falíveis em si mesmos e capazes de erro.

E, novamente, quando as pessoas consideram a Reforma como uma conquista fixa e consumada de uma vez por todas, elas estão absolutizando a história. A Reforma Protestante foi parte de um processo histórico.“Ecclesia reformata reformanda est”— a Igreja, tendo sido reformado, continua sendo reformada. Como a santificação, a reforma da Igreja é um processo sem nenhum ponto final na história.

3. Desdenhando o passado

Desdenhar ou desprezar o passado é uma reação contra as tendências de romantização e absolutização. A pessoa que desdenha o passado falha em apreciar suas conquistas e valores reais. Isto é, ele fracassa em perceber o que Deus já fez na história passada de sua Igreja.

Alguém disse que “Ninguém jamais aprendeu algo da história exceto que ninguém aprende algo da história”. Em grande medida, vivemos numa era que superestima o presente e despreza o passado. Alguns podem dificilmente mencionar os covenanters escoceses do século 17 e suas lutas sem um sorriso de escárnio. As testemunhas e os mártires recebem um elogio parco por uma atitude que diz, em efeito, “Os covenanters foram importantes sem dúvida, mas…”

Todo verdadeiro progresso está construindo sobre fundamentos lançados no passado. Somente captando e apreciando o passado podemos ter uma atitude verdadeiramente válida para com o presente, e somente assim podemos construir um futuro sólido. A pessoa que diz “História é bobagem” está desonrando a Deus, que por sua obra de criação e providência fez a história aquilo que ela é.

Em nossos dias esse grande monumento histórico da Fé Reformada — a Confissão de Fé de Westminster — foi posto de lado como uma peça de museu por grande parte do corpo presbiteriano na América, e uma “nova confissão” a substituiu como o padrão denominacional realmente em vigor. E essa “nova confissão” é na verdade uma rejeição de grande parte da verdade alcançada e testemunhada na Confissão de Westminster histórica. Isso é verdadeiramente um desdenhar da história.

Não é incomum encontrar pessoas com uma atitude de desdém para com os covenanters escoceses históricos e os antigos pactos escoceses. Não fomos salvos pela história dos covenanters, mas sim pela fé em Jesus Cristo. Mas deixamos de honrar ao Senhor se desprezamos o que ele fez em e por meio do seu povo nos tempos passados.

A atitude desdenhosa tem suas raízes no orgulho — o orgulho da ignorância. Alguém disse que há três tipos de orgulho: orgulho de raça, orgulho de rosto e orgulho de graça,** e esse orgulho de graça é o pior dos três. Mas sem dúvida podemos classificar com esses o orgulho da ignorância como uma das piores formas de orgulho. Há pessoas que de fato se gloriam em sua vergonha, que se orgulham verdadeiramente de que são ignorantes de teologia e história da igreja.

Não somos os primeiros cristãos inteligentes ou fieis que já viveram. Cristo, por meio do seu Espírito, sempre esteve ativo, trabalhando ao longo da história passada de sua Igreja. Prestemos atenção à injunção bíblica de “provar todas as coisas e reter o que é bom”. Não romantizemos o passado, não absolutizemos o passado e não desprezemos o passado. Antes, que possamos avaliá-lo com justiça e valorizá-lo sabiamente, para a honra e glória de Deus.

NOTAS:

* Covenanters: Os membros da Igreja da Escócia que assinaram o Pacto (Covenant) Nacional Escocês de 1638, que os obrigava a manter a Igreja da Escócia como foi organizada durante a Reforma, isto é, presbiteriana. Eles participaram em combate armado em obediência ao pacto assinado.

** O autor usa um jogo de palavras aqui: race, face, grace.


Fonte: Ordained Servant, vol. 5, no. 2 (Abril 1996).

Tradução: Felipe Sabino de Araújo Neto – 03 de janeiro de 2011.

Texto e imagem extraido de http://monergismo.com/jgvos/o-uso-e-abuso-da-historia-da-igreja/

A apostasia e neopentecostalização das Igrejas históricas.

Volta e meia eu recebo emails, facebooks e twitters de irmãos, membros de igrejas históricas afirmando que suas igrejas saíram do marasmo espiritual e que pela graça de Deus estão vivenciando um grande e significativo avivamento. Segundo estes, os sinais que confirmam o derramamento do Espírito Santo são sobrenaturais, como louvor profético, revelações extraordinárias, quebra de maldições hereditárias, libertação de espíritos territoriais, dentes de ouro, enriquecimento pessoal e muito mais.

Sei da história de gente que por acreditar que estava debaixo de um grande e genuíno avivamento judaizou a fé, instituiu levitas, ordenou apóstolos, derramou de um helicóptero óleo ungido em uma favela do Rio de Janeiro, fez voto de nazireu raspando a cabeça, enterrou Bíblias nos extremos do Brasil, determinou o fim do pecado através de decretos espirituais, criou novas doutrinas fundamentadas em experiências místicas e muito mais.

Certa feita fui pregar numa igreja histórica que por razões diversas manifestou em sua liturgia todo tipo de confusão teológica. Se não bastasse a ênfase judaizante do culto, percebi também que a igreja em questão havia relativizado as Escrituras em detrimento a paganização da fé. Nesta perspectiva, os intercessores tiveram suas mãos ungidas pelo pastor para que pudessem repreender qualquer espírito maligno que porventura se manifestasse naquele lugar. Para piorar a situação, as canções entoadas pelo ministério de música eram extremamente confusas, cujas letras eram sofríveis, burrificadas e desprovidas de saúde teológica.

Em uma outra e famosa igreja histórica ao chegar ao templo deparei-me com o cartaz que dizia: "Venha participar da corrente das portas abertas! Ore conosco por sete semanas e experimente milagres em sua vida cristã". Numa terceira igreja, o pastor orgulhosamente afirmou: Extingui o conselho da minha igreja! Agora sou livre para ouvir as orientações de Deus e conduzir a minha comunidade segunda a vontade do Espírito Santo! Pois é, nesta perspectiva, o culto desta igreja, tornou-se mistico e irracional onde gritarias histéricas se transformaram na marca principal de uma igreja que abandonou nas prateleiras do gabinete pastoral as Sagradas Escrituras.

Falando em pastor, não são poucos os pastores de igrejas históricas que piraram de vez! Há pouco soube de um que abandonou as Escrituras em virtude da psicologia e que acredita que a psicanalise é a melhor maneira de ajudar o membro de sua igreja a superar os dilemas da vida. Soube de outro que preferiu dar ouvidos aos ensinos maniqueístas instituindo cultos de batalha espiritual onde demônios recebem nomes e a cidade é mapeada, isto sem falar naqueles que andam de congresso em congresso buscando revelações escalafobéticas para fazerem as suas igrejas crescerem.

Pois é, senão bastasse isso, a Igreja Presbiteriana de Londrina, protagonizou cenas de fazer inveja a qualquer igreja neopentecostal. O pastor em um ato profetico, ordenou a igreja a declarar sete vezes a seguinte frase: "Caiam por Terra todas as muralhas que satanás tem levantado contra a minha vida." Ao final da declaração "profética" as muralhas artificiais caíram no chão em meio piroctenia gospel. (veja vídeo abaixo)


Caro leitor, diante disto ouso afirmar que um número incontável de igrejas históricas se perderam no meio do caminho. Lamentavelmente boa parte destas que deveriam ser proclamadoras das verdades bíblicas abraçaram o neopentecostalismo, jogando na lata do lixo doutrinas fundamentais e indispensáveis a fé cristã.

A conseqûencia direta disto é a proliferação de heresias cuja disseminação tem produzido a apostasia e o esfriamento espiritual de um número incontável de pessoas que dia após a dia se distanciam das Sagradas Escrituras.

Pois é, diante do quadro pintado pelos artistas da apostasia neopentecostal, como também pelos pintores da teologia liberal, sou tomado pela convicção deas igrejas históricas mais do que nunca precisam priorizar as Escrituras, abandonando ao relento ensinos e doutrinas antagônicos a Palavra de Deus.

Isto posto me sirvo das palavras do Principe dos Pregadores, Charles Haddon Spurgeon que costumava dizer: "Eu quero um avivamento das antigas doutrinas. Não conhecemos uma doutrina bíblica que, no presente, não tenha sido cuidadosamente prejudicada por aqueles que deveriam defendê-la. Há muitas doutrinas preciosas às nossas almas que têm sido negadas por aqueles cujo ofício é proclamá-las. Para mim é evidente que necessitamos de um avivamento da antiga pregação do evangelho, tal como a de Whitefield e de Wesley. As Escrituras têm de se tornar o infalível alicerce de todo o ensino da igreja; a queda, a redenção e a regeneração dos homens precisam ser apresentadas em termos inconfundíveis."

Caro amigo, se a igreja deseja vivenciar um avivamento em terras tupiniquins mais do que nunca necessita regressar à Palavra de Deus, fazendo dela sua única regra de fé, prática e comportamento, até porque, somente assim conseguirá corrigir as distorções evangélicas que tanto nos tem feito ruborizar.

Soli Deo Gloria,

Renato Vargens

Extraido de http://renatovargens.blogspot.com/
Imagem extraida de stayfreak.com

Inconformidade com o presente século


Inconformidade com o presente século

E livrou o justo Ló, enfadado da vida dissoluta dos homens abomináveis 2 Pedro 2:7

Vivemos tempos difíceis, onde padrão moral, se tornou algo disformico, onde cada um defende o seu, e não algo padronizado, uns acham que a maconha devia ser liberada para consumo, outros acham que relações de pessoas do mesmo sexo é comum, outros defendem a eutanásia de Seres humanos que apenas estão vegetando em cima de um leito de hospital.

E não é de hoje, que vemos praticas no mínimo estranhas acontecendo e a pressão exercida pelo defensores de tais movimentos, obrigando o governo e as autoridades a cederem devido as uniões das massas.

Foi assim com O Senhor Jesus, recordam-se do tribunal onde Cristo foi trocado por Barrabás, ou seja, O Senhor Jesus que não apresentava motivos para estar ali em julgamento, a não ser pelo simples fato de dizer a verdade, o mesmo povo que uns dias atrás estendiam vestes e ramos, e diziam Hosana ao Filho de Davi; bendito o que vem em nome do Senhor. Hosana nas alturas! (Mt 21:9). Logo estariam pedindo que o sangue inocente de Cristo caísse sobre eles (Mt 27:25). Veja a insensatez do povo, fizeram uma troca barrabás ladrão, salteador por Nosso Jesus Cristo, O Justo.
E vemos Pilatos cedendo a vontade do povo (Mt 27:24).

E hoje vemos a iniqüidade aumentando, vemos uma inconformidade com os decretos de Deus, também chamado Pecado, Deus estabeleceu princípios morais, padrões perfeitos, mais vemos o homem estabelecendo caminhos para os pés deles totalmente contrários a vontade do Senhor Deus, seriam tais pessoas mais sabias do que Jeová?


Romanos 1:24-32

24 Por isso também Deus os entregou às concupiscências de seus corações, à imundícia, para desonrarem seus corpos entre si;
25 Pois mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram mais a criatura do que o Criador, que é bendito eternamente. Amém.
26 Por isso Deus os abandonou às paixões infames. Porque até as suas mulheres mudaram o uso natural, no contrário à natureza.
27 E, semelhantemente, também os homens, deixando o uso natural da mulher, se inflamaram em sua sensualidade uns para com os outros, homens com homens, cometendo torpeza e recebendo em si mesmos a recompensa que convinha ao seu erro.
28 E, como eles não se importaram de ter conhecimento de Deus, assim Deus os entregou a um sentimento perverso, para fazerem coisas que não convêm;
29 Estando cheios de toda a iniqüidade, prostituição, malícia, avareza, maldade; cheios de inveja, homicídio, contenda, engano, malignidade;
30 Sendo murmuradores, detratores, aborrecedores de Deus, injuriadores, soberbos, presunçosos, inventores de males, desobedientes aos pais e às mães;
31 Néscios, infiéis nos contratos, sem afeição natural, irreconciliáveis, sem misericórdia;
32 Os quais, conhecendo a justiça de Deus (que são dignos de morte os que tais coisas praticam), não somente as fazem, mas também consentem aos que as fazem.

Veja, claramente a resposta acerca, do abandono do Conhecimento do Senhor e seus decretos, e nós como no tempo de Ló não andamos aflitos com o que estamos vendo?

Ló ao receber os 2 anjos em sua casa em Gn 19, viu o povo de Sodoma e Gomorra tentarem entrar em suas casas e pegarem a força, para abusarem dos dois anjos, Ló temente a Deus preferiu entregar as duas filhas virgens, a serem possuídas envês de tocarem nos anjos, veja o quanto Ló era integro, cheio de princípios e temente a Deus. Ao mesmo tempo veja a malignidade dos homens tentando abusar dos anjos.

Me sinto alarmado muitas vezes com as coisas que vejo, não é normal você ver crianças entregues ao crack, não consiguerei nunca me acostumar com duas adolescentes de 12-13 anos andando de mãos dadas e trocando caricias, jovens fumantes e/ou alcoólatras, homens abandonando suas famílias para viverem com outros homens, filhos matando pais, pais matando filhos, a pedofilia tomando conta, veja quantos escândalos no meio religioso, pessoas passando os outros para trás em negócios ilícitos.

O grande problema está na pratica, anseio muito que O Filho de Deus liberte as pessoas de tais praticas, não odeio o usuário de drogas, não odeio o homossexual, não odeio os alcoólatras e fumantes, odeio sim as praticas, pois estas são inconformidades com a vontade e os decretos de Deus.

E não é de se espantar que a própria chamada Igreja, esteja de acordo com muitas praticas ditas em Rm 1:29-31, pois muitas delas, rejeitaram o conhecimento de Deus, fazendo um deus segundo suas próprias vontades, é por isso que hoje vemos muitas pessoas dentro de igrejas, sendo sal insípido, não dá para se distinguir uma pessoa que está no mundo, e que vai na igreja.

Por isso Oh Servos do Senhor, nos lembremos de Rm 12:1-2

1 Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é o vosso culto racional.
2 E não sede conformados com este mundo, mas sede transformados pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.

Lembrai-vos que vós sois Sal da terra e Luz do mundo MT 5:13

Imagem extraida de iecaalcantara.blogspot.com