Soberania Divina e Responsabilidade Humana
C.H. Spurgeon
"E a vontade de quem me enviou é esta: que nenhum eu perca de todos os que me deu; pelo contrário, eu o ressuscitarei no último dia. De fato, a vontade de meu Pai é que todo homem que vir o Filho e nele crer tenha a vida eterna; e eu o ressuscitarei no último dia."
João 6:39-40
Essas duas frases apresentam o lado divino e o lado humano da salvação.
Vocês sabem, meus caros amigos, que o costume generalizado entre os vários ramos do cristianismo é o de tomar uma parte da Bíblia e pregar aquela parte e então é o dever de todos os teólogos daquele ramo não pregar nada além disso. Ou se eles acharem um texto que aponta em uma direção diferente, é esperado que estes cavalheiros torçam o referido texto de modo a adaptá-lo ao credo deles, partindo do pressuposto de que somente um conjunto de verdades seja possivelmente digno de ser defendido, nunca entrando na cabeça de algumas pessoas que podem haver duas verdades aparentemente irreconciliáveis que, não obstante, são igualmente valiosas.
Não pense que eu venho aqui para defender o lado humano da salvação às custas do divino; nem tampouco desejo engrandecer o lado divino às custas do humano. Em vez disso, peço que olhem para os dois textos que estão juntos diante de nós e estejam preparados para receber os dois conjuntos de verdades. Eu creio que é uma coisa muito perigosa dizer que a verdade encontra-se entre os dois extremos. Não. A verdade está nos dois, na compreensão de ambos; não em pegar uma parte disso e uma parte daquilo, reduzindo um e adaptando o outro, como é costumeiro, mas crendo e dando plena expressão a tudo aquilo que Deus revela independentemente de nós podermos reconciliar as coisas ou não, abrindo nossos corações como as crianças abrem seus entendimentos ao ensino de seus pais, sentindo que se o evangelho fosse tal que nós pudéssemos torná-lo um sistema completo, nós poderíamos estar bastante seguros de que não seria o Evangelho de Deus, porque qualquer sistema que vem de Deus deve ser por demais sublime para que o cérebro humano possa compreendê-lo pelo seu esforço. E qualquer caminho que Ele siga deve se alongar até muito distante da linha da nossa visão, não permitindo, portanto, que façamos um belo e pequeno mapa perfeitamente esquadrinhado.
Este mundo, nós podemos mapear prontamente. Vá e adquira cartas náuticas ou topográficas e você descobrirá que homens de entendimento indicaram quase toda pedra no mar, quase toda vila na terra. Mas eles não podem mapear os céus daquela maneira, porque embora você possa comprar um atlas celestial, contudo você sabe muito bem que nem uma em dez mil estrelas pode ser posta ali; quando elas são exibidas pelo telescópio elas se tornam completamente inumeráveis, e de tal maneira excedem qualquer contagem que é impossível para nós colocá-las em ordem e dizer: este é o nome dessa e aquele é o nome daquela. Nós precisamos abandoná-las: elas estão além de nós. Há profundidades nas quais nós não podemos espreitar; nem mesmo o mais forte telescópio pode nos mostrar mais do que um mero canto dos mundos estrelados.
Assim também ocorre com as doutrinas do Evangelho: elas são muito brilhantes para os nossos olhos fracos, muito sublimes para o esquadrinhamento das nossas mentes finitas, a não ser a uma distância desprezível. A nós só nos cabe aceitar tudo o que pudermos do seu solene propósito, acreditar nelas de todo coração, aceitá-las com gratidão, e então cair aos pés de Deus e derramar nossas almas em adoração.
Texto extraido de http://www.bomcaminho.com/chs009.htm
Imagem de (1)falandoemunah.blogspot.com (2)projetospurgeon.com.br
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